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ECOS DA XXXVII ASSEMBLÉIA MÉDICA DO HSE

Outubro de 1999

SÍNDROME DE HIPERINFECÇÃO PELO SRONGYLOIDES STERCORALIS EM PACIENTE INFECTADO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) ;

Machado, GB; Passoni, LFC

• DIP - M.S. - H.S.E. - R.J.

RELATO DE CASO

Introdução : O S. stercoralis é um parasita intestinal nematódeo, que infesta humanos, primatas e cachorros . Em hospedeiros imunodeprimidos (indivíduos desnutridos, portadores de neoplasias hematológicas, pacientes em uso de medicamentos imunossupressores, tais como corticóides ), pode haver uma produção exarcebada de larvas filarióides, com disseminação do S. stercoralis para qualquer órgão do corpo humano, acompanhando-se com frequência de sepse por bactérias Gram negativas, tornando a parasitose grave e potencialmente letal (Melo, RN et al; 1998) . Todavia, a síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) é pouco comum (Karp, CL; Neva, FA; 1999) .

Relato de Caso : Paciente do sexo feminino, 33 anos, natural da Paraíba. Diagnóstico de soropositividade pelo HIV em maio de 1998 . Internada no serviço de DIP do HSE, em março de 1999, em virtude de um quadro de herpes genital recorrente extenso . Referia emagrecimento, tosse produtiva com hematoptóicos e febre diária há cerca de quatro meses, além de quadro de instalação recente de vômitos pós-prandiais e de diarréia há uma semana . Foi levantada a hipótese diagnóstica :

1. radiografia de tórax normal;
2. hemograma com anemia ferropriva e eosinofilia;
3. escarro sem evidências de bacilos álcool ácido resistentes, com larvas filarióides de S.stercoralis . Instituído tratamento específico para estrongiloidíase invasiva (tiabendazol), evoluiu com melhora significativa do quadro clínico .

Conclusão : É importante salientar que a estrongiloidíase invasiva, apesar de pouco frequente em pacientes portadores de infecção pelo HIV ou SIDA, deve fazer parte do diagnóstico diferencial de quadros pulmonares nestes pacientes, principalmente naqueles com denutriçãp e em uso de corticosesteróides, uma vez que aquela parasitolose pode ser letal, se não for tratada.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SERVIÇO DE ANATOMIA PATOLÓGICA DO HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO/MS E REPERCUSSÃO DA EXPOSIÇÃO AO XYLENO NA SAÚDE DOS TRABALHADORES

Müller, AMC; Chaves, SMC, Nunes, J;Ferrari, W; Osório, CS; Salvatierra, MA; Lauzieri, TM .

• Saúde do Trabalhador - M.S. - H.S.E. - R.J.

Objetivos : Avaliação do nível de exposição que sofrem os profissionais do serviço de Anatomia Patológica e o impacto na sua saúde . No preparo das peças e lâminas no Servoço de Anatomia Patológica os profissionais usam o xyleno para dissolver a parafina utilizada no processo de fixação dos tecidos . por não haver um sistema de exaustão no laboratório o ar fica impregnado . Cerca de 64% do xyleno inalado é absorvido pelo organismo . Desses, 96% sofrem metabolização sendo excretado pela urina sob a forma de ácido metil hipúrico.

Métodos : Análise do processo de trabalho no Serviço de Anatomia Patológica . Exame clínico em todos os profissionais que aí trabalham . Pesquisa e dosagem do ácido metil hipúrico na urina dos profissionais colhida no início e no final da jornada de trabalho e medição do xyleno ambiental através de amostradores pessoais pasivos .

Resultados : Realizados exames em 20 dos 22 profissionais que trabalham no serviço constando de anamnese, exame clínico, exames laboratoriais, análise do processo de trabalho e medição do ácido metil-hipúrico na urina coletada no início e no final da jornada de 4 horas de trablho . Problemas nas vias aéreas superiores foram as queixas mais frequentes, tendo sido diagnosticados pólipos nasais e rinite em vários profissionais . Quanto à medição do ácido metil hipúrico na urina foram encontrados resultados acima do esperado para a população geral ( até 0,5 mg/ml ), embora estivessem abaixo do limite de tolerância biológica fixado pela legislação brasileira .

Conclusão : Embora os resultados de ácido metil hiúrico na urina estivessem dentro dos limites tolerados, revelaram que os profissionais estavam expostos ao xyleno ( níveis maiores que 0,5 mg/l ) . As queixas clínicas apresentadas e constatadas na avaliação médica, aliadas ao forte odor no ambiente e a ausência de un sistema de exaustão, levou os profissionais da Comissão de Saúde do trabalhador a sugerir à direção do Hospital promover reformas no ambiente . Será feito por esta Comissão vigilância ambiental e acompanhamento clínico dos trabalhadores através de exames médicos periódicos.

TESTAGEM SOROLÓGICA DE DOADORES DE SANGUE PARA DOENÇA DE CHAGAS : CASUÍSTICA DE SOROPOSITIVOS DE DOIS BANCOS DE SANGUE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO - RJ

Salgado, LAT; Menezes, JA de, Gazineo, JLD; Lessa, MP;.

Introdução : Atualmente no Brasil, a lei determina como obrigatória a testagem sorológica para doença de Chagas de todos os candidatos à doação de sangue, sendo que a Portaria Nº. 1376 de 1993 do Ministério da Saúde preconiza que esta triagem seja feita por, pelo menos, 2 testes, concomitantes que utilizem metodologia diferentes ( SÁEZ-ALQUEZAR, SALLES, CHAMONE, 1997 ).

Metodologia : Série de 27 casos de indivíduos soropositivos para a doença de Chagas ( 1 ou mais testes sorológico reativo ) encaminhados de dois bancos de sangue da cidade do Rio de Janeiro ( Hospital dos Servidores do Estado - HSE e HEMORIO ) ao ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HSE, no período de junho de 1998 a julho de 1999 . Pacientes seriam submetidos à realização de Western-blot para doença de Chagas realizado no Centro de Ciências da Saúde na Universidade federal do Rio de Janeiro.

Resultados : 85,2% ( 23/27 ) dos pacientes pertenciam ao sexo masculino ; a média de idade dos indivíduos incluídos no estudo foi de 37,15 anos, variando de 21 a 54 anos . A maioria dos pacientes incluídos, 29,6% ( 8/27 ) era oriundo do estado dio ceará. Em relação aos testes sorológicos utilizados, 76,2% ( 16/11 ) dos pacientes testados tinha PAGIA reativo, 88% ( 22/25 ) apresentavam ensaio imunoenzimático ( EIA ) ( realizado no HSE ) reativo e 57% ( 4/7 ) hemaglutinação ( realizada no HSE ) reativa, 50% ( 3/6 ) dos pacientes que realizaram eletrocardiogramaq tinham alteração neste exame : 6,7% ( 2/3 ) com hemibloqueio anterior esquerdo e 33,3% ( 1/3 ) com braquicardia sinusal . Nenhum dos pacientes incluídosno estudo possuía apresentações clínicas sugetivas da diença de Chagas crônica. Em relação à história epidemiológica, 59,3% ( 16/27 ) dos pacientes conheciam o "barbeiro", 59,3% ( 16/27 ) já haviam doado sangue anteriormente . 55,6% ( 15/27 ) moraram em casa de "pau a pique" e 7% ( 2/27 ) deles referiram parentes com doença de Chagas . Dos 21 pacientes que realizaram Western-blot para doença de Chagas, 57,15% ( 12/21 ) foram reativos, 28,57% ( 6/21 ) não reativos e 14,28% ( 3/21 ) indeterminados.

Conclusão : É importante que seja feita a triagem clínico epidemiológica dos doadores de sangue, além dos testes sorológicos preconizados pela Portaria Nº. 1376 do Ministério da Saúde, uma vez que aquela poderá excluir doadores de sangue sabida ou potencialmente infectados, acarretando uma redução da prevalência de indivíduos infectados entre os doadores que serão submetidos à triagem sorológica, o que permitirá aumentar o valor preditivo da combinação de dois ou mais testes não reativos ( SÁES-ALQUEZAR, SALLES, CHAMONE, 1997 ).

CONSIDERAÇÕES CLÍNICO-IMUNOLÓGICAS NA MONONUCLEOSE INFECCIOSA (EBV)

França, V; Rizério, RS, Ouricuri, AL; Souza, MS.

• Serviço de Pediatria - M.S. - H.S.E. - R.J.

A mononucleose infecciosa é uma doença de baixa infectividade, de distribuição universal, ocorrendo em qualquer faixa etária, porém prevalente ( 70-80% 0 entre crianças e adultos jovens . A distribuição da incidência dentro das faixas etárias parece variar conforme o padrão sócio-econômico da população . Apresenta um grande polimorfismo clínico, porém, frequentemente, é inaparente e com pouca expressão em crianças de baixa idade . Pode ou não ter o padrão clínico da doença do adulto ( tríade : febre, linfadenopatia e faringite 0 combinada ao aparecimento transitório de anticorpos heterófilos e linfocitose atípica ) .

Relato de uma apresentação atípica e abordagem dos aspectos imunológicos desta infecção :

estudamos o caso de um paciente, oito anos, masculino, internado na enfermaria de pediatria do HSE em julho de 1999, com o quadro de rash cutâneo difuso e pruriginoso, poliadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia, descamação perilabial, tosse seca e queda do estado geral . Exames laboratoriais : 23 mil leucócitos com 42% de linfócitos e 15 de atipias linfocitárias . Série vermelha, plaquetas e VHS normais . Transaminases ligeiramente aumentadas . radiografia e TC de tórax normais . USG abdominal ; acentuada esplenomegalia . Pesquisa de paracoco e histoplasmose negativas . Sorologias para sífilis, CMV, rubéola e hepatite B e C negativas . Pesquisa de Paul Bunnell 1/56 . Anticorpos anticapsídeo viral para EBV positivos .

Tratado com antihistamínicos durante a internação ( 21 dias ) e em acompanhamento ambulatorial . Houve regressão gradual e incompleta do quadro clínico .

Na infecção pelo vírus Epstein Barr, os linfócitos B constituem no alvo inicial durante a infecção primária, além de representar o local de persistência viral por toda a vida . Sendo do grupo herpesvirus apresenta características peculiares, ou seja, a latência, recorrência e/ou cronicidade . A remissão espontânea na mononucleose sugere importantes mecanismos imunológicos de controle, principalmente na imunidade celular . A ausência ou incompetência destes mecanismos estaria associada à recorrência, cronicidade da doença e apresentação de determinadas neoplasias.