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Cartilha Transfusional
I. Introdução:
Esta cartilha tem como objetivo sensibilizar os médicos e demais
funcionários do H.F.S.E. quanto ao uso racional do sangue. Como todos
sabemos não há substituto para o sangue humano, pois somente
o sangue de um doador substitui o sangue que utn paciente necessita.
A doação de sangue deveria ser voluntária e de
repetição. Ou seja doar independente do pedido de alguém,
e que o doador o faça regularmente. Em países desenvolvido:;
7 a 8 % da população tem o hábito de doar sangue.
No Brasil este número é bem menor (menos de 2%). Para
o doador é um ato de solidariedade, mas para o paciente representa
salvar a sua vida. Lembramos que toda transfusão de sangue traz
em si um risco, seja imediato ou tardio, e por isto deve ser criteriosamente
indicada.
II. Comitê Transfusional Multidisciplinar:
A R.D.C. de 14/06/2004 determina que "As unidades de
Saúde que tenham Serviço de Hemoterapia nas suas
dependências deverão constituir um Comitê Transfusional
Multidisciplinar, do qual faça parte um representante do
Serviço de Hemoterapia. Este Comitê tem como função
o
monitoramento da prática transfusional da Instituição".
II. O sangue total:
- A cada doação são coletados 450 ml (+- 50 )
de sangue total.
- Cada coleta é desdobrada em:
- 1 unidade de Concentrado de Hemácias (300 ml).
- 1 unidade de Concentrado de Plaquetas.
- 1 unidade de Plasma.
- 1 unidade crioprecipitada.
- Assim são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro
pacientes.
IV. Concentrado de hemácias:
- Obtido a partir da centrifugação do sangue total.
- Sobrevida conforme solução preservativa: 35 dias (CPDA-I)
à42 dias (SAG-Manitol).
- Armazenagem a 4°C.
- Indicação criteriosa e individual:
- Fator determinante: estado hemodinâmico do paciente.
- Anemia aguda (veja quadro a baixo). Classificação
de Baskett.
- Situações especiais (evitar transfusão):
- Anemia por perda sangüínea crônica, responde
bem ao ferro (oral ou parenteral).
- Anemia por Insuficiência Renal Crônica, responde a
eritropoetina
- Anemia Hemolítica Constitucional (Doença Falciforme,
Talassemias, etc), não valorizar somente os valores de Hb
e Ht.
- Anemia Hemolítica Auto Imune em geral não encontramos
sangue compatível e todo sangue transfundido será
hemolisado. Indicado imunossupressão imediata.
Transfusão somente em rissco de vida. Solicitar acompanhamento
de um médico Hematologista/Hemoterapeuta
IV.A. Classificação de Baskett (1990) – baseada na perda
sangüínea aguda:
Classificação de Baskett (1990)
|
Classe I |
Classe II |
Classe III |
Classe IV |
Perda sangüínea – Porcentagem (%) do volume |
< 15 |
15 – 30 |
30 – 40 |
> 40 |
Pressão Arterial :
Sistólica
Diastólica |
inalterada
inalterada |
Normal
Elevada |
Baixa
Baixa |
Muito baixa
Muito baixa
Indetectável |
Pulso (Batimentos/ minutos) |
Leve taquicardia |
100 – 120 |
120 |
> 120 |
Enchimento capilar |
Normal |
Lento (> 2 Seg.) |
Lento (> 2 Seg.) |
Indetectável |
Freqüência Respiratória (ipm) |
Normal |
Normal |
Taquipnéia (>20) |
Taquipnéia (>20) |
Fluxo urinário (ml/h) |
> 30 |
20 – 30 |
10 – 20 |
1 – 10 |
Extremidades |
Normais |
Pálidas |
Pálidas |
Pálidas e frias |
Estado mental |
Alerta |
Ansioso, agressivo |
Ansioso, agressivo, sonolento |
Sonolento, confuso, inconsciente |
IV.A. Transfusão em crianças:
- Volume a transfundir: 10 a 15 ml/kg de peso.
- Para RN só utilizar hemocomponentes
coletados a menos de 5 (cinco) dias.
- RN < 1.200 g de peso deve-se
utilizar hemoderivados leucorreduzidos ou não reagentes para
CMV.
- Quando transfundir em pediatria e em neonatologia (vide tabela);.
Idade |
Ht |
Critérios a analisar – se presentes: transfundir |
RN >
72 h – 4 meses |
Ht < 30% |
Hood com FiO2 <35 % |
CPAP < 6 cm H2O |
IMV com MAP < 6 cm H2O |
Apnéia ou bradicardia signficativas que necessite ventilação,
ou em uso de metilxantina |
Taquipnéia ou taquicardia significativas e persistentes |
Ganho ponderal insuficiente apesar de calorias adequadas |
RN >
72 h – 4 meses |
Ht < 35% |
Hood com FiO2 > 35 % |
CPAP > 6 cm H2O |
IMV com MAP > 6 cm H2O |
RN >
72 h – 4 meses |
Ht < 45% |
Cardiopatia cianótica |
Em ECMO |
Crianças > 4 meses |
Ht < 40% |
Doença Pulnonar severa ou ECMO |
Crianças > 4 meses |
Ht < 30% |
Pré-operatório de urgência |
Pré-operatório quando o tratamento clínico
não é possível |
Perda intra-operatória > ou = 15 % do volume sangüineo |
Crianças > 4 meses |
Ht < 24% |
Perioperatório e com sintomatologia |
Quimio ou Radioterapia |
Anemias crônicas congênitas ou adquiridas sintomáticas |
Qualquer idade |
Ht < 24% |
Anemia sintomática com contagem de reticulócito
baixo |
Perda aguda associada a hipovolemia |
V. Concentrado de Plaquetas:
- As plaquetas são derivadas dos megacariócitos, que
se encontram na medula óssea.
- Elas atuam na fase primária da coagulação.
- São obtidas a partir da centrifugação do plasma.
- Devem ser estocadas à temperatura de 22" C, sob agitação
contínua.
- A dose a ser prescrita deve ser de 1 unidade de Concentrado de Plaquetas
para cada 10Kg de peso
- Indicações:
- Quando não há sangramento.
- Plaquetas < 10.000u/ml.
- Plaquetas < 20.000u/ml associado à infecção,
coagulopatia ou indicação de procedimento invasivo.
Em RN devido ao risco de
sangramento SNC.
- Indicação absoluta: Leucemias Agudas, particularmente
a LMA-M3.
- Plaquetopenia (independente do valor) com sangramento.
- Transfusão de Conc. Plaquetas RH + em paciente RH negativo
(meninas e mulheres em idade fértil), recomenda-se fazer
imunoglobulina anti D.
- Dengue hemorrágica - Conc Plaquetas somente diante de hemorragia
SNC.
- Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.),
- Síndrome Hemolítica Urêmica,
- Síndrome Helpp,
- Púrpura Pós transfusional,
- Púrpura Trombocitopênica Imunológica (P.T.I.).
VI. Plasma fresco congelado:
- Obtido após o fracionamento do sangue total.
- Congelar até 8 horas após a coleta
- Armazenar a temperatura de, no mínimo, 20º C negativos.
- Validade de 12 meses.
Contém albumina, fibrinogênio, globulinas e fatores de coagulação
sangüínea.
Uma vez descongelado deve ser utilizado em até 4 horas.
- Indicações:
- Deficiências dos fatores de coagulação, congênita
ou adquirida (quando não se tem produto industrializado),
- Hemorragias por Doenças Hepáticas.
- Sangramento intenso pelo uso de anticoagulante oral (dicumarínicos
warfarin).
- Coagulação Intravascular Disseminada (CID),
- Púrpura Trombocitopênica Trombótica (P.T.T.) e Síndrome
Hemolítico Urêmica.
- Atenção: Não se justifica a utilização
do plasma para se obter volume sangüíneo ou como fonte de proteínas,
pois existem outros produtos específicos (industrializados) para estes
casos.
- É proibido, pelo Ministério da Saúde, a utilização
regular de de Plasma em pacientes Hemofílicos, pois atualmente existem
hemoderivados específicos para estes.
VII. Crioprecipitado ou Fator Anti Hemofílico:
- Parte insolúvel do plasma.
- Obtido através do método de congelamento rápido, descongelamento
e centrifugação do plasma.
- É rico em fator VIII:c (atividade pró-coagulante), Fator VIII:Vwf
(Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator XIII e Fibronectina.
- Indicações:
- Deficiências específicas como fibrogênio,
- Deficiências congênitas (Doença de von Willebrand na
falta do fator específico),
- Deficiência de Fator VIII,
- Transfusões maciças,
- Insuficiência Hepática Grave.
- Dose (empírica) é de 1 unidade de crio cada 5 kg de peso do
paciente.
- Cuidados especiais:
- Deve-se ter cuidado na administração de grandes quantidades
de crioprecipitado, monitorando os níveis de fibrinogênio (do
paciente), devido ao risco de tromboembolismo.
-
Atualmente existem produtos industrializados específicos para a deficiência
de Fator VIII (HemofiliaA) e F VIII:vW(D.von Willebrand).
VIII. Complicações das transfusões:
Reações Transfusionais
Reações Transfusionais |
Imunes |
Não imunes |
Agudas |
Reação febril não hemolítica |
Contaminação bacteriana |
Reação hemolítica imune |
Sobrecarga de volume |
Reação alérgica: leve, moderada e grave |
Hemólise não imune |
TRALI (injúria pulmonar aguda relacionada a transfusão) |
Embolia aérea |
|
Hipotermia |
|
Alterações eletrolíticas |
Crônicas |
Aloimunização eritrocitária |
Hemosiderose |
Aloimunização HLA |
Doenças infecciosas |
Reação enxerto x hospedeiro (GVHD) |
|
Púrpura pós transfusional |
|
Imunomodulação |
|
IX. Incidentes Transfusionais Agudos:
Reações Transfusionais
Reação tipo |
Sinais e Sintomas |
Causa |
Tratamento |
Prevenção |
Febril não hemolítica |
Febre, calafrios, raramente hipotensão |
Anticorpos leucoplaquetários ou contra proteinas plasmáticas |
Parar a transfusão, Antitérmico. |
Antitérmico componentes sanguíneos depletados
de leucócitos (filtro) |
Reação Hemolítica Imune |
Mal estar, febre, cianose (labial), calafrio, ansiedade, dor
torácica e lombar, angústia respirat, Insuf.renal
choque, CIVD, EAS: hemoglobinúria |
Incompatibilidade ABO ou outro anticorpo fixador de complemento
|
Parar a transfusão, hidratar, manter sinas vitais, induzir
diurese, tratar choque e CIVD |
Assegurar correta identificação da amostra do
paciente, checar a amostra |
Reação Alérgica (de leve até
grave) |
Prurido, pápula em pálpebra e face, urticária,
até anafilaxia, edema de glote |
Anticorpo contra proteínas plasmáticas (Ig A) |
Leve: Anti-histamínicos.Severa: Parar a transfusão,
Adrenalina, corticosteróides |
Leve: observar a transfusão, se necessário: Antihistamínico
pré transfusional. Severa: Componentes sangüíneos
lavados |
TRALI |
Dispnéia, edema pulmonar com Pressão Arterial
normal |
Anticorpos anti HLA ou anti-leucocitários (do doador) |
Interrromper imediatamente transfusão. Oxigenioterapia
e corticosteróide |
Hemácias lavadas |
Contaminação Bacteriana |
Febre, calafrio e choque |
Componente sangüíneo contaminado |
Interromper imediatamente transfusão. Tratamento do choque
e uso de antibiótico. |
Cuidados na coleta, estocagem e manipulação dos
hemocomponentes |
Sobrecarga de Volume |
Dispnéia, hipertensão, edema pulmonar e arritmia
cardíaca |
Infusão rápida ou excesso de volume |
Interromper a transfusão, diuréticos. |
Evitar infusão rápida e excesso de transfusão |
Hemólise não imune |
Igual a hemólise imune |
Hemácias hemolisadas, mecânica ou química |
Igual a hemólise imune |
Inspecionar cuidadosamente a bolsa antes da transfusão |
Embolia aérea |
Insuficiência Respiratória |
Ocorre quando se usa pressão para infusão do hemocomponente |
Interromper a transfusão. |
|
Hipotermia |
Calafrio, tremor |
infusão rápida de grande volume de sangue |
Reduzir a velocidade de infusão e/ou aquecimento do sangue |
idem |
Alteração eletrolítica |
Hipocalcemia, hipocalemia, hipercalemia |
toxicidade pelo citrato, mais comum em hepatopata |
Correção da alteração eletrolítica |
Uso de componentes sanguineos mais recentes |
X. Incidentes Transfusionais Tardios:
Reações Transfusionais
Reação tipo |
Sinais e Sintomas |
Causa |
Tratamento |
Prevenção |
Reação hemolítica tardia –
aloimunização eritrocitária e HLA |
Redução progressiva do hematócrito, icterícia,
hemoglobinúria – surge após 24 h até
semanas |
Resposta anamnéstica a transfusão. Geralmente
Rh, Kell, Kidd, Duffy |
sintomático |
Identificar o anticorpo para nas transfusões futuras
utilizar hemácias fenotipadas. |
Reação enxerto x hospedeiro (GVHD) |
Destruição dos tecidos do receptor |
Reação dos linfócitos T do doador contra
os tecidos do paciente |
imunossupressão |
Irradiação de hemocomponentes (25 Gy) |
Púrpura Pós transfusional |
Púrpura de instalação súbita |
Devido AC antiplaquetário . Surge 5 a 10 dias após
a tx. |
Gamaglobulina (Imunoglobulina – EV 400 a 500 mg por 10
dias) |
Selecionar Bolsas HPA-1 negativas |
Imonumodulação |
|
|
|
Identificar o antígeno para fazer nas transfusões
futuras. |
Hemosiderose |
Escurecimento da pele, Diabetes e cardiopatias |
Comum em pacientes politransfundidos |
Quelantes do ferro |
Quelantes do ferro |
Doenças Infecciosas |
Sintomas de cada doença |
Virus, bactérias ou protozoários |
Tratar a doença específica |
Exames sorológicos de maior especificidade e sensibilidade |
XI. Transfusão autóloga:
- Binômio receptor/doador é constituído pela mesma pessoa
- Pré-depósito: coletado antes da cirurgia
e estocado para utilização posterior.
- Fazer suplementação com ferro oral.
- Receptor/doador precisa ter no mínimo Hb: 11 g/dl, Ht: 33 %.
- Intervalo entre as doações é de 7 (sete) dias.
- Indicado em cirurgias de ortopedia, ginecologia, cirurgia plástica
- Recuperação intra-operatória: coletado
da
ferida cirurgia por equipamento específico
- Hemodiluição normovolêmica aguda pré-
operatoria: sangue é coletado no início do ato cirúrgico,
infundido substância cristalóide e/ou colóide e transfusão
do sangue no final da cirurgia
- Contra indicações da transfusão autóloga: infecção
e neoplasia.
XII. Aquecimento de hemocomponentes:
- Feito através de equipamentos especiais e em temperatura controlada.
- Indicações:
- Infusão rápida de sangue ou plasma (Plaquetas não
podem ser aquecidas, pois altera a função)
- Adulto: velocidade> 50 ml/mim por mais de 30 minutos.
- Criança: velocidade> 15 ml/kg/hora.
- transfusões maciças (troca de uma volemia em período
< ou = 24 horas)
- Pacientes com altos títulos de anticorpo hemolítico frio.
- Portadores de fenômeno de Raynaud
- Contra-indicações: componentes plaquetários não
devem ser aquecidos (alteração de função).
- O aquecimento do CH de forma incorreta pode acarretar hemólise.
XIII . Transfusão de urgência:
- O tempo mínimo para realizar todas as provas necessárias
para liberar um hemocomponente é de 40 minutos, após a chegada
da amostra de sangue no Banco de Sangue.
- Na transfusão de urgência não é feita a prova
de compatibilidade completa.
- Há risco de transfusão não compatível (parcial
ou total).
- Só se justifica a liberação de sangue sem prova de
compatibilidade em casos de extrema urgência.
- O médico assistente se responsabiliza assinando o "Termo de
Responsabilidade", assim como o médico do Serviço de Hemoterapia.
- Liberado sangue "O", quando não se conhece o grupo sangüíneo
do paciente.
- Rh negativo para meninas e mulheres em idade fértil.
- O Serviço de Hemoterapia prossegue com os testes de compatibilidade
Requisitando a transfusão: pelo Médico Assistente
- Anotar no pedido de sangue o nome, sobrenome, matrícula (prontuário),
sexo, idade, peso, localização do paciente (enfetmaria eleito),
diagnóstico, hemocomponente solicitado e quantidade, exame laboratorial
que detetminou a necessidade transfusional.
- Prescrição do hemocomponente na folha de prescrição
médica do paciente.
- Assinar e carimbar pedido e prescrição
XV. Coletando a amostra de sangue:
Paciente:___________________________________________________
Matricula ou registro do paciente na instituição:____________________
Enfermaria / setor de internação:
Data de coleta da amostra:______/______/________
Assinatura legível do coletor: ____________________________
Modelo identificador do tubo de amostra de sangue conforme RDC
153 de 14/06/2004.
Enfermagem da Equipe Transfusional:
- Receber pedido de solicitação de transfusão
sangüínea.
- Conferir os dados do paciente (receptor), assinatura e carimbo do
médico solicitante.
- Rotular o tubo para amostra de acordo com o modelo supra citado.
- Coletar a amostra de sangue do paciente em tubo com anticoagulante
(tampa lilás).
- Salinizar o acesso, quando possível, para ser usado no momento
da transfusão.
- Guardar amostra no recipiente de transporte.
- Encaminhar, imediatamente, a amostra de sangue ao Serviço
de Hemoterapia (técnico de hemoterapia), transportando em caixa
própria para este procedimento.
XVI – A rotina no Serviço de Hemoterapia (Banco de Sangue):
Técnico de laboratório do Serviço de Hemoterapia:
- Receber a amostra de sangue juntamente com a solicitação
e conferir os dados.
- Recusar amostra e/ou pedido que não estejam legíveis
e completos.
- Classificar a amostra de sangue do paciente: ABO, Rh (D), PAI.
- Reclassificar a amostra do doador (ABO e Rh).
- Realizar a prova de compatibilidade entre o sangue do doador e do
paciente.
- Emitir etiqueta com os dados do paciente: nome, sobrenome, localização,
grupo ABO e Rh e data de validade para transfusão.
- Inspecionar o hemocomponente quanto ao aspecto e integridade do
sistema e prazo de validade.
- Entregar o hemocomponente à Equipe de Enfermagem Transfusional.
- Manter a amostra do sangue do paciente acondicionada no refrigerador
(“soroteca do paciente”).
XVII - O transporte do sangue do Serviço de Hemoterapia até
o paciente: Enfermagem da Equipe Transfusional
- Receber do técnico de laboratório o hemocomponente
a ser transfundido.
- Conferir os dados do rótulo do hemocomponente com os dados
do receptor.
- Observar aspecto do hemocomponente e apresentação
da bolsa.
- Devolver a bolsa ao técnico de laboratório diante
de qualquer anormalidade apresentada no conteúdo ou no rótulo
da unidade.
- Acondicionar o hemocomponente em recipiente térmico para
transporte.
- Manter um recipiente para o transporte de hemocomponente e outro
para o transporte das amostras.
- Providenciar material necessário para proceder a transfusão.
- Encaminhar o hemocomponente até o local em que se encontra
o paciente.
XVIII - Transfundindo o paciente – Enfermagem da Equipe Transfusional:
- Perguntar ao paciente seu nome completo (caso tenha condições
de responder) ou a enfermagem do andar.
- Conferir o nome relatado com os dados do rótulo da bolsa
e da prescrição.
- Certificar a indicação da transfusão na prescrição
médica.
- Aferir e anotar os sinais vitais pré e pós transfusão.
- Anotar horário do início e término da transfusão.
- Instalar o hemocomponente, mantendo íntegro o sistema até
o final do procedimento.
- Instruir a equipe de enfermagem do andar para não infundir
nenhum tipo de medicamento concomitantemente com a transfusão
(exceto solução fisiológica 9%).
- Atentar para que o início da transfusão não
exceda 30 minutos após o recebimento da bolsa.
- Controlar a transfusão para que seu tempo máximo não
ultrapasse 4 horas.
- Permanecer os primeiros 15 minutos da transfusão observando
o paciente.
- Atentar para sinais de Reação Transfusional.
- Seguir as orientações do ítem XXII em caso
de Reação Transfusional.
- Relatar a evolução da Reação Transfusional
apresentada.
- Preferir, sempre que possível , transfundir no período
diurno.
- Assinar e carimbar no término da evolução transfusional.
- Colar etiqueta referente ao hemocomponente no prontuário
do paciente.
- Conferir se a contra-capa do pontuário já tem a etiqueta
de tipagem do paciente (grupo sanguíneo e fator Rh).
- Devolver o hemocomponente ao Serviço de Hemoterapia caso
o mesmo não tenha sido utilizado.
- Após concluída a transfusão recolher a bolsa
e encaminhar para o serviço de Hemoterapia para ser autoclavada.
XIX -Compatibilidade para Transfusão de Concentrado de Hemácias:
Compatibilidade doador / receptor
Grupo ABO / Rh(D) do receptor |
Compatibilidade doador / receptor |
O + (O positivo) |
O + / O - |
O - (O negativo ) |
O - |
A + (A positivo) |
A+ / O+ / A- / O- |
A – ( A negativo) |
A- / O- |
B + (B positivo) |
B+ / O+ / B- / O- |
B - (B negativo) |
B- / O- |
AB + (AB positivo) |
AB+ /A+ / B+ / O+/AB- /A- / B- /0- |
AB - (AB negativo) |
AB- / A- / B- / O- |
XIX - Compatibilidade para Transfusão de Plasma:
Grupo ABO / Rh(D) do receptor |
Grupo ABO a ser transfundido |
A |
A, AB |
B |
B / AB |
AB |
AB |
O |
O, A, B, AB |
XXI - Compatibilidade para transfusão de Concentrado de Plaquetas
- Para transfusão de Concentrado de Plaquetas não há
contra-indicação em transfundir unidades de grupo ABO
diferente ao do paciente.
- Se possível respeitar o grupo sangüíneo.
XXII - Conduta da Enfermagem frente à Intercorrência
na Transfusão:
- Parar imediatamente a transfusão.
- Ocluir a extremidade do equipo da transfusão do hemocomponente.
- Manter o acesso venoso com solução salina 0,9 % com
gotejamento moderado.
- Verificar sinais vitais e anotar no prontuário do paciente.
- Comunicar ao médico de plantão e ao Serviço
de Hemoterapia.
- Fazer relato da Reação Transfusional e conduta adotada
pelo médico.
XXIII – Conduta Imediata, após assistir ao paciente:
-
1- Equipe que prestou a assistência ao paciente - Enfermagem:
- Coletar amostra de sangue do paciente para reavaliação
/ retestagem.
- Coletar amostra de urina do paciente para pesquisar presença
de elementos anormais (hemoglobinúria).
- Encaminhar o hemocomponente com o equipo (na caixa térmica
apropriada) ao Serviço de Hemoterapia.
- Manter amostra de urina fora da caixa térmica e encaminhá-la
ao Laboratório Central.
- Anotar no prontuário do paciente todos estes dados.
- 2 – Pelo Banco de Sangue (Imunohematologia):
- Receber a bolsa de sangue e equipo enviados para análise.
- Realizar os exames imunohematológicos e hemocultura.
- Comunicar os resultados dos exames solicitados, tão logo
os tenha, ao médico assistente, ao responsável Técnico
do Serviço de Hemoterapia e ao responsável pela Hemovigilância
(que fará relatório para a Gerência de Risco
e para a ANVISA).
XXIV - Conclusão e Orientação:
A prescrição médica do sangue (hemocomponentes
e hemoderivados) deve ser bem indicada. Se existe a opção
de utilizar um medicamento (ferro ou eritropoetina) ao invés
da transfusão, assim deve ser feito. Lembrar que toda transfusão
pode acarretar danos ao paciente, seja a curto, médio ou longo
prazo. Hoje conhecemos vários vírus e os Serviços
de Hemoterapia estão bem equipados para monitorá-los.
Mas novos vírus poderão surgir, como aconteceu na década
de 80 com o HIV. Somente com o uso racional do sangue poderemos estar
tranqüilos que fizemos o melhor pelo nosso paciente.
Esta cartilha foi elaborada, em janeiro de 2006 baseada na RDC de 14
de junho de 2004.
COLABORADORES
- Eduardo Morsch de Mello
- Heloisa Helena G. da Rocha
- Lilia Maria da Serra Costa
- Marcella M. Vasconcelos
- Maria Angela Dias
- Maria Tereza M. de Paula
- Robson Denis Cordeiro Couto
Informação atualizada em 09/06/2011.