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Santos, G.S.¹; Motta, K.D.D.¹; Monachesi, C.F.²; Pereira, A.G.L. ³; Escosteguy, C.C.³;
¹Residência em Saúde Coletiva/IESC/U.F.R.J.; ²Residência em Medicina Preventiva e Social³Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E..

    Introdução: a exposição ocupacional a materiais biológicos potencialmente infectantes é um sério risco aos profissionais em seus locais de trabalho. Ela acontece quando ocorre o contato do profissional com qualquer material biológico, seja sangue, fluidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal, líquor, líquido sinovial, líquido pleural, peritoneal, pericárdico e amniótico), ou fluidos orgânicos potencialmente não-infectantes (suor, lágrima, fezes, urina e saliva).¹ Na ocorrência de um acidente com material biológico, o trabalhador deve procurar imediatamente atendimento especializado, para que seja avaliado o risco de transmissão de HIV, HBV e HCV e adotadas as condutas de orientação, coleta de sangue para sorologias, indicação de quimioprofilaxia (se for o caso) e seguimento.

     A notificação de agravos relacionados ao trabalho, incluindo os acidentes com material biológico, é compulsória em unidades sentinelas (Portaria M.S. Nº 104, de 25 de Janeiro de 2011). No H.F.S.E., o Serviço de Saúde do Trabalhador notifica espontaneamente ao Serviço de Epidemiologia todos os acidentes ocorridos, além de implementar os registros trabalhistas pertinentes.

    Objetivos: descrever o perfil dos acidentes com exposição a material biológico no H.F.S.E. de 2007 a 2013.

    Metodologia: estudo descritivo dos casos de acidentes com material biológico notificados pelo Serviço de Saúde do Trabalhador do H.F.S.E. através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) local, de 2007 a 2013. Os dados foram colhidos em 13 de janeiro de 2014 com números sujeitos à alteração. Análise dos dados através do Tabwin 3.6 e Excel 97/2003.

    Resultados e discussão: foram notificados 895 acidentes com material biológico de 2007 a 2013. Entre os profissionais acidentados, 72,6% eram do sexo feminino; 65,1% tinham faixa etária de 20 a 34 anos; 69,4% tinham curso superior completo; 48,0% tinham vínculo de servidor público estatutário. Quanto às circunstâncias do acidente, 14,5% ocorreram durante procedimento cirúrgico; 13,7% durante procedimentos de punção e coleta; e 7,2% por descarte inadequado de material. Ressalta-se o elevado percentual (20,5%) de informação ignorada para essa variável.

    A tabela 1 apresenta a distribui¸ão das categorias ocupacionais dos acidentados, conforme informado no SINAN; 88,74% dos casos ocorreram em três categorias: médicos(residentes e servidores), auxiliares de enfermagem e enfermeiros.

     A situação vacinal quanto à hepatite B foi ignorada em 24,1% das notificações. Excluídos os ignorados, no momento do acidente, 9,4% dos profissionais não estavam vacinados ou tinham vacinação incompleta. Entre os médicos, este percentual foi 5,3%; entre os enfermeiros, 7,8% e entre os auxiliares de enfermagem, 10,0%.

     Em caso de acidente com exposição a fluidos no H.F.S.E., o profissional deve se dirigir imediatamente ao Serviço de DIP (5º andar do Anexo IV) para atendimento clínico, e posteriormente, informar o acidente de trabalho ao Serviço de Saúde do Trabalhador, no andar térreo da Unidade de Pacientes Externos (UPE).

     É importante ressaltar que a prevenção dos acidentes através da adoção de boas práticas, incluindo as medidas de proteção individual e coletiva é a principal estratégia a ser implementada.

     Considerando que informações sobre os agravos e doenças do trabalho ou relacionadas ao trabalho são fundamentais para o reconhecimento da urgência e prioridades das ações visando à melhoria das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores, enfatiza-se a relevância do registro adequado dos acidentes, incluindo as circunstâncias envolvidas com a sua ocorrência e o perfil dos acidentados no H.F.S.E..

Notifique os acidentes de trabalho!

    Referê.ncias: ¹ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Exposição a materiais biológicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 76p. Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_expos_mat_biologicos.pdf.