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Introdução: a meningite é um agravo de notificação compulsória em todo o território nacional, sendo de notificação imediata no estado do Rio de Janeiro. No H.F.S.E., os casos detectados são notificados e investigados pelo Serviço de Epidemiologia, com envio imediato da ficha de investigação ao Centro Municipal de Saúde da 1ª R.A., conforme fluxo estabelecido pela vigilância epidemiológica. Um estudo desenvolvido em 2013 e publicado no Boletim Epidemiológico 44 apresentou a série histórica dos casos de meningite notificados no H.F.S.E. de 2007 a 2012. Este trabalho trouxe à discussão o impacto da integração do antigo Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS) ao H.F.S.E. no contexto da notificação e investigação deste agravo. A integração aconteceu em agosto/2012 e mudou o perfil clínico epidemiológico dos casos de meningite notificados no hospital. É fundamental conhecer este novo perfil e manter o monitoramento da qualidade das informações.
Objetivos: descrever o perfil clínico epidemiológico dos casos de meningite notificados no H.F.S.E. em 2013.
Metodologia: análise dos casos de meningite notificados no H.F.S.E. em 2013 e inseridos na base local do SINAN. As notificações foram resultado da busca ativa nas enfermarias, no laboratório de líquor do HFSE (incluindo os casos não atendidos no H.F.S.E. em que houve encaminhamento de líquor/sangue para análise no hospital) e na emergência do DIPII (antigo IEISS). Para análise dos dados utilizou-se o Tabwin 3.6 e o Excel 97/2003.
Resultados e discussão: foram notificados 571 casos de meningite no H.F.S.E. em 2013, com picos em novembro e maio (62 e 61 casos). Entre os casos, 49,2% eram crianças e adolescentes, e 27,5% tinham 20 a 39 anos; 57,1% eram do sexo masculino. Em relação ao município de residência, 45,4% residiam no município do Rio de Janeiro, 22,8% em nove municípios da Baixada Fluminense e 31,9% em outros 45 municípios (inclusive de outros estados); 11,2% dos casos eram portadores do vírus H.I.V., 3,3% tinham história prévia de tuberculose e 2,5% de traumatismo.
Os sinais/sintomas mais comuns foram febre (60,4%), cefaleia (47,1%), vômitos (34,7%), rigidez de nuca (32,4%) e convulsões (16,5%). Do total de casos, 320 (56%) estavam internados à época da notificação; 54,1% dentre os internados, estavam no H.F.S.E..
A punção lombar diagnóstica foi realizada em 96,5% dos casos. Durante a investigação epidemiológica foram considerados os resultados de punção (quando realizada) e os dados clínicos do paciente (quando disponíveis). Assim, 532 (93,2%) casos foram considerados confirmados ou não foi possível excluir a hipótese de meningite com as informações obtidas.
A não utilização de um instrumento único de solicitação de exames dificulta a detecção dos casos pela rede e limita a investigação epidemiológica pela frequente falta de informações essenciais sobre o quadro clínico do paciente. Da mesma forma, problemas de qualidade do registro de dados de identificação do paciente e da procedência do material (líquor/sangue) encaminhado comprometem o retorno dos resultados à instância solicitante e as ações locais de controle da doença, quando pertinentes.
A tabela 1 apresenta a distribuição dos casos segundo etiologia. Dentre os 532 casos confirmados de meningite, apenas 52,4% tiveram etiologia definida.
| Etiologias | f | % | |||||
|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Meningite não especificada | 253 | 47,6 | |||||
| Doença meningocócica | 86 | 16,2 | |||||
| Meningite bacteriana não especificada | 79 | 14,8 | |||||
| Meningite pneumocócica | 40 | 7,5 | |||||
| Meningite criptocócica | 25 | 4,7 | |||||
| Meningite tuberculosa | 19 | 3,6 | |||||
| Meningite viral | 11 | 2,1 | |||||
| Meningite por H. influenzae | 4 | 0,8 | |||||
| Outras etiologias | 15 | 2,8 | |||||
| Total | 532 | 100 | |||||
| Fonte : SINAN local/ Serviço de Epidemiologia do H.F.S.E.. | |||||||
Considerando as meningites bacterianas, apenas 37,9% foram diagnosticadas através de cultura/látex. O Ministério da Saúde recomenda que o diagnóstico das meningites bacterianas seja realizado por cultura, látex, C.I.E. ou PCR, com meta de 59% através destes métodos até 2015. Em relação à evolução dos casos, esta é desconhecida para 71,6% dos casos (representada pelo grande número de casos notificados em busca ativa no laboratório, sem registro no H.F.S.E., que viram para análise de líquor); alta hospitalar (21,5%); óbito por meningite (6,1%) e óbitos por outras causas (0,7%).
Conclusões: alguns problemas permanecem como desafios a serem enfrentados em 2014: necessidade de padronização do instrumento de solicitação de exames; problemas de identificação do paciente e/ou amostra encaminhada; problemas na identificação do agente etiológico, especialmente nas formas bacterianas. É fundamental a colaboração de todos.
Suspeitou? Notifique!