O Programa de Cirurgia Segura proposto pela Organização Mundial da Saúde (O.M.S.) faz parte das Metas Internacionais de Segurança do Paciente as quais o Ministério da Saúde aderiu. A meta internacional de cirurgia segura é sabidamente uma das mais difíceis de obter boa adesão.

    Havia em nossa instituição muita resistência à implantação deste programa. Entre os profissionais havia baixa compreensão do impacto; resistência por acreditar que aumentaria o tempo até o início do procedimento cirúrgico ou o índice de suspensão de cirurgias; dificuldade de trabalhar em equipe, aparecendo problemas de hierarquia e autonomia médica.

    Em julho de 2013 foi lançado no H.F.S.E um protocolo de cirurgia segura propondo a verificação de uma série de critérios de segurança em três momentos distintos do procedimento: antes da indução anestésica, antes da incisão cirúrgica e antes do paciente sair da sala de operação.

    Este estudo apresenta os resultados do projeto piloto de cirurgia segura implementado no H.F.S.E, com o objetivo de estimular a adesão ao checklist cirúrgico. Para este projeto, foi feita uma adaptação do instrumento da O.M.S., no sentido de simplificar e facilitar a adesão dos profissionais, contemplando itens médico-cirúrgicos, de anestesia e de enfermagem.

    Metodologia:

        Estudo prospectivo de intervenção não controlada, com um projeto piloto, onde a cada mês uma clínica cirúrgica voluntariamente adere.

        Os profissionais do setor recebem orientações e treinamento especial, além de poder solicitar consultoria.

        Os resultados são apresentados na forma de PLACAR DA CIRURGIA SEGURA com gráficos dos indicadores de adesão dos três principais grupos profissionais envolvidos: enfermagem do andar e do centro cirúrgico (C.C.I.R); cirurgiões e anestesistas.

        O setor ainda recebe um estrato por cirurgião, permitindo conhecer aqueles que precisam de mais apoio para aderir.

        Os indicadores estudados são:

    Resultados:

    A meta estabelecida para todos os indicadores foi 75%.

        Indicadores globais: a figura 1 apresenta a taxa de adesão à lista de verificação prévia ao centro cirúrgico (77%) e a taxa de adesão à lista de verificação de cirurgia segura (89%).

        Indicadores de processos de enfermagem: a figura 2 apresenta a taxa de confirmação da identidade do paciente (89%); a taxa de critérios de admissão completos (73%) e a taxa de verificação completa de material ao fim do procedimento (75%).

        Indicadores de processos dos cirurgiões: a figura 3 apresenta a taxa de marcação adequada do sítio cirúrgico (82%); a taxa de realização de time-out (57%).

        Indicadores de processos dos anestesiologistas: a figura 4 apresenta a taxa de verificação completa de segurança anestésica (80%) e a taxa de uso adequado de antibiótico profilático (84%).

    Figura 1. Indicadores globais

    Figura 2. Indicadores de processos da enfermagem

    Figura 2. Indicadores de processos dos cirurgiões

    Figura 2. Indicadores de processos dos anestesiologistas

    Discussão:

        A participação voluntária facilitou o processo de implantação do protocolo, pois havia suporte direto das chefias médica e de enfermagem do serviço.