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Você está em: Home >>>> Profissionais de Saude >>>> Boletim Epidemiológico 49 >>>> Notificações de meningite no Hospital Federal dos Servidores do Estado e o impacto da integração com o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião – revisão 2007 a 2014

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 49

NOTIFICAÇÕES DE MENINGITE NO HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO E O IMPACTO DA INTEGRAÇÃO COM O INSTITUTO ESTADUAL DE INFECTOLOGIA SÃO SEBASTIÃO - REVISÃO 2007 a 2014

freire, J.D.S.1; Monachesi, C.F.2; Pereira, A.G.L.3; Marques, M.R.V.E.3.
1Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva - IESC/U.F.R.J.;2Residência Médica Preventiva e Social/H.F.S.E.;3Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E..

    Introdução:  A meningite é um problema de asúde pública com altas taxas de morbimortalidade. No Estado do Rio de Janeiro, conforme a Resolução SES nº 674 de 12 de julho de 2013, as meningites de qualquer etiologia devem ser notificadas imediatamente à instância responsável pela vigilância epidemiológica local. No Hospital Federal dos Servidores do Estado (H.F.S.E.), o Serviço de Epidemiologia é responsável pela investigação e monitoramento dos pacientes com agravos de notificação compulsória. O Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), referência no Estado do Rio de Janeiro para atendimento de pacientes com doenças infectocontagiosas foi integrado ao H.F.S.E. em 20/08/2012. Neste contexto, torna-se importante conhecer o novo perfil das notificações de meningite no H.F.S.E., tendo em vista o aumento expressivo do número de casos resultante desta integração.

    Objetivos:  Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos de meningite notificados no H.F.S.E. no período de 2007 a 2014 e discutir o impacto da integração com o IEISS nestas notificações.

    Metodologia:  Estudo descritivo de casos de meningite notificados pelo Serviço de Epidemiologia do H.F.S.E. e inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) local, no período de 2007 a 2014. Análise estatística com S.P.S.S. 18 e Epi Info 2000. Estudo inserido em projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do hospital.

    Resultados e Discussão:  No período de 2007 a 2014 foram notificados 1802 casos de meningite (internados no H.F.S.E.; atendidos para punção lombar; ou com material encaminhado de outras unidades), sendo 1646 (91,3%) confirmados (gráfico 1). Destes, 229 (13,9%) foram notificados antes e 1417 (86,1%) após a integração com IEISS.

    Do total de casos confirmados, 931 (56,6%) eram do sexo masculino; 683 (41,5%) eram crianças (0 a 12 anos) e 223 (13,5%) tinham de 20 a 29 anos. O percentual de crianças notificadas aumentou significativamente após a integração (25,1% antes e 43,7% após; p < 0,001). Em relação ao município de residência dos casos confirmados, 50,2% eram residentes no município do Rio de Janeiro e 19,9% nos municípios da Baixada Fluminense.

    Os sintomas mais frequentes foram febre (57,9%), cefaleia (43,9%) e vômitos (35,2%). A Aids foi identificada em 232 (14,1%) casos. Foram internados no H.F.S.E. 32,0% dos casos, sendo a letalidade 12,9% dentre os internados.

    Em relação à etiologia, foram identificadas: meningite não especificada, 49,9%; doença meningocócica, 12,9%; meningite tuberculosa, 6,3%; meningite pneumocócica, 4,7%; meningite por H. influenzae, 0,4%; meningite por outras bactérias, 17,3%; meningite criptocócica, 5,3%; meningite asséptica, 2,6% e outras etiologias, 0,6%.

    Antes da integração com o IEISS, havia 32% de meningite não especificada e 24% de meningite tuberculosa. Apenas 2% dos casos foram confirmados como doença meningocócica. Após a integração, 53% dos casos confirmados eram de meningite não especificada e 15% por doença meningocócica. O critério de confirmação predominante foi o clínico (46,9%) seguido do quimiocitológico (25,4%).

    No período de 2012 a 2014, 54 exames já lançados na pasta de resultados foram revistos pela equipe do laboratório (53 bacterioscopias e uma Tinta da China). Destes resultados, 21 bacterioscopias (38,9%) foram alteradas para diplococos Gram negativos após revisão.

    Gráfico 1 - Distribuição dos casos de meningite confirmados no H.F.S.E., no período de 2007 a 2014 (n=1646).

    

Fonte: Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E..

    Conclusão:  Com a integração do IEISS, houve um aumento significativo no quantitativo de notificações de meningite e mudança do perfil clínico epidemiológico dos casos. Os dados também sugerem problemas na identificação do agente etiológico, que podem estar relacionados a coleta/transporte inadequados da amostra, material insuficiente, processamento inadequado da amostra, dentre outros. É fundamental que os problemas sejam identificados, reavaliados pelas equipes/setores a fim de que sejam corrigidos.