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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 53

Perfil dos casos de violências notificados no H.F.S.E., 2009-2017

Luquine Júnior, C.D.1; Marques, M.R.V.E.2; Pereira A.G.L.2; Azevedo, O.P.2
1Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva - IESC/U.F.R.J.; 2Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E.

    Introdução: a violência é um fenômeno social, baseado nas relações entre os sujeitos, de relevância crescente por seus impactos econômicos, psicológicos e comunit´rios. As pessoas em situação de violência por vezes podem se sentir fragilizadas, constrangidas e até mesmo culpadas. Ainda que alguns tipos de notifica¸ão tenham se iniciado jáem 2001, desde 2011 a Portaria nº 104 do Ministério da Saúde inclui a violência doméstica, sexual e outras violências na lista de agravos de notifica¸ão compulsória. Em 2014, a Portaria nº 1.271 determina tamb&aeacute;m a obrigatoriedade de notificação imediata (em até 24h) para casos de violência sexual e tentativa de suicídio. As notificações permitem o entendimento do perfil epidemiológico local e, particularmente, o desencadeamento de ações a partir dos eventos, que devem ser entendidos como sentinela. A depender do tipo de violência envolvida, ações em toda a rede de proteção social devem ser iniciadas.

    Objetivos: Descrever o perfil clínico- epidemiológico dos casos notificados no H.F.S.E. como violência interpessoal e autoprovocada no período de 2009 a novembro de 2017.

    Metodologia: Estudo exploratório descritivo a partir de bases de dados da vigilância epidemiológica do H.F.S.E.. Para análise, foi utilizado o software S.P.S.S. 18.0. Foram incluídos todos os casos notificados no período do estudo.

    Resultados: No período foram identificados 167 casos notificados, sendo 102 do sexo feminino (61,1%), com 118 (76,7%) notificações em crianças ou adolescentes (0 a 19 anos).

     A Tabela 1 sumariza algumas características dos casos notificados. Dentre os tipos de violência, 91 casos (54,5%) foram caracterizados como negligência ou abandono, 45 (26,9%) como violência física, 29 (17,4%) como psicológica ou moral e 27 (16,2%) como sexual. É importante ressaltar que um caso pode ser caracterizado por mais de um tipo de violência. Dos casos de violência sexual, 48,1% foram qualificados como estupro, 11,1% como assédio sexual e 7,4% como exploração sexual. As lesões autoprovocadas (tentativas de ou suicídios) somaram 14 casos (8,4%), sendo a maior frequência (12) em mulheres.

     Quanto aos encaminhamentos informados, 107 casos (64,1%) foram referenciados ao Conselho Tutelar e 16 (9,6%) às Varas da Infância e Juventude; oito (4,8%) casos foram encaminhados às Delegacias de Atendimento à Mulher e 20 (12%) aos serviços da rede de assistência social.

    Tabela 1. Características (sexo, faixa etária, escolaridade e raça/cor), tipos e encaminhamentos dos casos de violência notificados no H.F.S.E. de 2009 a 2017.

 
Variável n %
Sexo
Feminino 102 61,1
Masculino 64 38,3
Ignorado 1 0,6
Faixa etária
Até0 a 4 anos 60 35,9
Até5 a 9 anos 20 12,0
Até10 a 19 anos 38 22,7
Até20 a 24 anos 10 6,0
Até25 a 59 anos 27 16,2
60 anos ou mais 12 7,2
Escolaridade
Analfabeto 60 35,9
Ensino fundamental incompleto 35 21,0
Ensino fundamental completo 6 3,6
Ensino médio incompleto 9 5,4
Ensino médio completo 3 1,8
Educação superior incompleta 4 2,4
Educação superior completa 3 1,8
Não se aplica 68 40,7
Ignorado 36 21,5
Raça/cor
Parda 58 34,7
Branca 41 24,5
Preta 31 18,6
Amarela 1 0,6
Ignorado 36 21,6
Tipo1
Negligência 91 54,5
Física 45 26,9
Psicológica/moral 29 17,4
Sexual 27 16,2
Outros2 22 13,2
Lesão autoprovocada 14 8,4
Encaminhamentos1
Conselho Tutelar 107 64,1
Assistência Social 20 12,0
Varas da Infância e Juventude 16 9,6
Delegacias de Atendimento à Mulher 8 4,8
Outros3 56 33,5
Total 167 100,0

     Fonte: SINAN local - Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E.. 1O total de casos é diferente da soma de cada tipo, pois é possível notificar mais de um tipo para cada caso. 2Outras violências: 3 econômicas; 1 tortura. 3Ministério Público, Serviços de Saúde, Abrigos, Rede de Atendimento à Mulher, Delegacias (criança e adolescente; idoso), Instituto Médico-Legal.

     Considerações:o estudo mostra um maior número de casos caracterizados como negligência e abandono, possivelmente relacionados ao perfil de aten-dimentos do H.F.S.E. e aos setores maiores notificadores: Pediatria e Unidade Materno-Fetal. A notificação visibiliza os atos de violência, prevenindo casos de repetição e permitindo a articulação da rede de proteção e ativação de ações de saúde para atenção integral às suas necessidades.