Ir para Portal Saúde Ir para Portal Brasil.Gov
Ir para Portal Saúde Ir para Portal Brasil.Gov
imagem representativa da área do site Profissionais de Saúde

Profissionais de Saúde:Área exclusivamente destinada aos Profissionais da área de Saúde. Informações técnicas, área não recomendada para o público leigo.

H.F.S.E/R.J./M.S.Voltar para a página Inicial

 

Você está em: Home >>>> Profissionais de Saude >>>> Boletim Epidemiológico >>>> Perfil dos casos de violências notificados no H.F.S.E., 2009-2017

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 53

Sífilis em gestante e congênita: casos notificados no H.F.S.E., 2007-2016

Luquine Júnior, C.D.1; Pereira A.G.L.2; Marques, M.R.V.E.2; Escosteguy C.C.2
1Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva - IESC/U.F.R.J.; 2Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E.

    Introdução: considerando os efeitos nos fetos durante a gravidez, a sífilis em gestante é um agravo importante de interesse à saúde. Uma vez identificada, o protocolo de tratamento é relativamente simples e promove a remissão dos sintomas e da infecção em poucos dias. A gestante infectada deve ser tratada imediatamente após o diagnóstico, observando-se também a necessidade de acompanhar e tratar as parcerias sexuais. Assim, previne-se a reinfecção durante a gestação. A sífilis congênita é um agravo 100% evitável com o seguimento das medidas recomendadas. No Brasil, a notificação do diagnóstico de sífilis é obrigatória em gestantes, nos casos congênitos e também nas demais populações. A O.M.S. estima que 25% das gestantes com sífilis têm como desfecho a morte fetal ou o aborto espontâneo; além disso, 25% dos recém-nascidos apresentam baixo peso ao nascer ou infecção grave1.

    Objetivos: descrever os casos de sífilis em gestante e sífilis congênita notificados pelo H.F.S.E. no período de 2007 a 2016.

    Metodologia: estudo exploratório descritivo a partir da base de dados da vigilância epidemiológica municipal (SINAN), selecionando os casos registrados como notificados pelo H.F.S.E.. Para análise utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2010. A limpeza do banco para duplicidades excluiu oito casos de sífilis em gestante e dois de sífilis congênita.

    Resultados: no período estudado, foram encontrados na base municipal 323 casos de sífilis em gestante e 336 de sífilis congênita. Esses totais são menores do que os registrados na base local do H.F.S.E., 357 para sífilis em gestante e 354 para congênita. Esta diferença é explicada pelo fato de que o caso atendido no H.F.S.E. pode ter sido previamente notificado por outra unidade de atendimento; a base municipal registra a 1ª notificação. Assim, esta análise representa 93,0% dos casos de sífilis em gestante e 94,9% dos casos de sífilis congênita efetivamente notificados/investigados pelo H.F.S.E..

    A Figura 1 apresenta a distribuição temporal dos casos. Das 336 crianças notificadas, 256 (76,2%) eram filhas de mulheres cuja infecção por sífilis foi identificada durante o pré-natal. Quanto à escolaridade das mães, 116 (34,5%) não tinham completado o ensino fundamental e apenas 66 (19,6%) completaram o ensino médio. Foram declaradas negras (pretas e pardas) 190 (56,5%); 98 (29,3%) eram brancas. Destes casos de sífilis congênita, 15 (4,5%) foram descartados.

    Em relação às notificações de sífilis em gestante, 200 (61,9%) mulheres foram notificadas no terceiro trimestre de gestação; apenas 37 (11,4%) foram detectados no primeiro trimestre.

    Figura 1. Distribuição das notificações de sífilis em gestante e congênita no H.F.S.E., 2007-16.

    

    Quanto ao tratamento, 208 (64,4%) gestantes foram tratadas com três doses de penicilina G benzatina de 2.400.000 UI (Tabela 2); 21 (6,5%) não realizaram nenhum tipo de tratamento. O perfil de tratamento nas parcerias sexuais das gestantes está muito aquém do recomendado1.

    Tabela 2. Esquema de tratamento das gestantes com sífilis e tratamento dos parceiros, H.F.S.E., 2007-16.

 
Variável n %
esquema de tratamento da gestante
2 400 000 UI 59 18,3
4 800 000 UI 8 2,5
7 200 000 UI 208 64,4
Não realizado 21 6,5
Outro esquema 6 1,9
Ignorado 208 64,4
Tratamento concomitante do parceiro
Sim 36 11,1
Não 60 18,6
Ignorado 227 70,3
Total 323 100,0

     Fonte: SINAN

     Considerações: os impactos da transmissão vertical da sífilis exigem controle da disseminação via ações de prevenção e diagnóstico com tratamento precoce. O estudo aponta que mais da metade das gestantes com sífilis foram identificadas já em seu último trimestre, sinalizando possíveis falhas na implementação dos protocolos clínicos de assistência pré-natal, como a não realização dos testes ou o tardio reconhecimento das gestações pelas unidades de atenção primária. Outra dificuldade já amplamente explicitada2,3 é o tratamento adequado das parcerias sexuais. As equipes de saúde responsáveis devem estar atentas à necessidade de, em seu alcance, comunicar e tratar o parceiro para a sífilis.

    Referências:

  1. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde, volume 3. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
  2. Magalhães DMS, Kawaguchi IAL, Dias A, Calderon IMP. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saúde Pública. 2013; 29(6): 1109-20.
  3. Lafeta KRG, Martelli Júnior H, Silveira MF, Paranaíba LMR. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle. Rev Bras Epidemiol. 2016; 19(1): 63-74.