Você está em: Home >>>> Profissionais de Saúde >>>> Revista Médica >>>> Volume 36 - Números 2/3 - Abril a Setembro de 2002 >>>> Editorial - Refletindo sobre a Tuberculose
A tuberculose (TB) persiste como grave problema em muitos países, levando anualmente 2 milhões de pessoas à morte. Contudo, a ocorrência da doença é desigual entre as nações e entre seus habitantes. Na atualidade 95% dos casos e 98% dos óbitos por TB encontram-se em países em desenvolvimento. Os determinantes destes números são fatores como pobreza, explosão demográfica, movimentos migratórios, aglomerações humanas além do envelhecimento populacional e a pandemia da AIDS.
Contra este cenário adverso, a OMS destaca que o efetivo gerenciamento dos casos constitui intervenção central para o controle da TB e recomenda como estratégia global, o uso do esquema de tratamento de curta duração, padronizado diretamente observado (DOTS) e o fortalecimento dos programas locais. A entidade observou correlação entre alta prevalência de multirresistência e países com precários programas de controle e baixa padronização da quimioterapia. Similarmente, quanto maior a proporção de casos em retratamento (resultado de programas de má qualidade), e quanto maior a incidência de TB em crianças (indicador de alta transmissão em anos recentes), maior o nível de resistência às drogas.
Além de grave do ponto de vista clínico, esta forma da infecção repercute sobre a efetividade do tratamento convencional por ser onerosa em recursos materiais e humanos. Assim, a sociedade se vê atingida de diferentes maneiras, quando não são observadas as recomendações balizadas pelo melhor conhecimento disponível. A necessidade de agir de modo organizado, enquanto sistema, também encontra-se incluída nestes preceitos.
A doença, permeando os vários níveis da sociedade e do sistema de saúde, adquire expressão particular em unidades terciárias. Nestas verificam-se cada vez mais as condutas relativas à prevenção de casos novos, tanto através de medidas frente ao doente bacilífero, quanto outras dedicadas aos contactantes de TB.
Nos países com alta prevalência da tuberculose os indivíduos são considerados infectados no inicio de suas vidas, contribuíndo para a não realização de testagens tuberculínicas. Contudo, esta prática pode representar um erro de avaliação, uma vez que não particulariza o risco quanto a variáveis como classe sócio-econômica, profissão e atividades escolares. Estudos recentes implicam as atividades clinicas como fatores de risco independentes para a positividade tuberculínica.
A contribuição de uma testagem sistemática ocorreria no sentido de se conhecer a dinâmica de transmissão, neste tipo de ambiente, e também prover meios de agir em uma dada estrutura hospitalar. Nesta perspectiva, foram realizadas testagens tuberculínicas em alunos do Internato de medicina e funcionários do HSE. Os resultados, quando confrontados com outros publicados, sugerem alta taxa de transmissão recente, particularmente entre os Internos.
Cresce também o interesse no monitoramento de dados que refletem a evolução das ações. No HSE a série temporal da TB demonstra melhora progressiva no grau de certeza diagnóstica dos casos e queda na frequência de tratamentos empíricos. Pode-se concluir por uma evolução positiva do atendimento e da prevenção à tuberculose no Hospital dos Servidores
CRISTIANO SANTOS OLIVEIRA
Médico-Residente de Medicina Preventiva e Social do HSE-RJ-MS
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