Você está em: Home >>>> Profissionais de Saúde >>>> Revista Médica >>>> Volume 37 - Número 2 >>>>História - Doenças Infecto-parasitárias (DIP) - Algumas Considerações
Morínigo, Fábio Cupertino - Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital dos Servidores do Estado. H.S.E. - M.S. - R.J.
Menezes, Jacqueline Anita de - Chefe do Serviço de Doenças Infecto-parasitárias (DIP) do Hospital dos Servidores do Estado. H.S.E. - M.S. - R.J.
Os benefícios obtidos a partir de Pasteur, em Paris, acerca da origem microbiana das doenças infecciosas, e dos trabalhos de Summelveis, em Viena, e Lister, na Inglaterra, deram-se passos largos para o conhecimento de contágio e anti-sepsia.
A preocupação com as doenças infecciosas e contagiosas, no Rio de Janeiro, levou à criação, no final da década de 80 do século 19, face às epidemias de febre amarela, peste bubônica, tuberculose, cólera, varíola, malária, do hoje Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, no Caju.
Em 1925 a preocupação com o ensino destas patologias levou à criação da Cadeira de Medicina Tropical ocupada por Carlos Chagas, na Faculdade de Medicina da hoje UFRJ, funcionando, na época, no Hospital São Francisco de Assis, tornando-se, em 1931, Clínica de Doenças Tropicais e Infecciosas.
O H.S.E. teve, desde o seu início, a preocupação da abrangência de todas as áreas do conhecimento médico e seu desenvolvimento unificando todas as clínicas, pioneiramente, em uma única instituição hospitalar. Este clima possibilitou que, no Serviço de Clínica Médica do H.S.E., membros de seu estafe se dedicassem a esta nova área.
Assim no final da década de 50 José Rodrigues da Silva, chefe do setor de Gastroenterologia do Serviço Clínica Médica do H.S.E., assumiu a Cadeira de Doenças Tropicais e Infecciosas na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Paulo Dias da Costa, chefe do setor de Pneumologia também na Clínica Médica do H.S.E., na década de 1960 assumiu a Cadeira de Doenças Tropicais e Infecciosas, na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e na década de 70 a Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias na Faculdade de Medicina da hoje Universidade Severino Sombra.
No Serviço de Clínica Médica do H.S.E., desde a década de 60, um jovem clínico entusiasta conduzia gerações de médico-residentes, por todo o H.S.E. e o IEISS ensinando-lhes a reconhecer e tratar casos de febre tifóide, meningites, endocardites, febre macular brasileira, septicemia estafilocócica, estrongiloidíase disseminada, paracoccidioidomicose, criptococose ou leptospirose, entre outros. Seu nome Adrelírio José Rios Gonçalves. Dele os médico-residentes ouviam nomes estranhos e exóticos como: melioidose, tularemia, esparganose, bartonelose. Falava-lhes de grandes nomes da Medicina do passado como Charcot, William Osler e Louis Landouzy.
Na década de 80 juntaram-se a Adrelírio, no setor de Pulmão da Clínica Médica, Jacqueline Anita de Menezes e Rosamélia Queiróz da Cunha também dedicados à Infectologia. Adrelírio insistia na importância da criação de um espaço próprio para os cuidados desses pacientes. Em 1972, na administração Jorge Martins, realizando-se uma revisão geral nos espaços dos vários andares do H.S.E., foram criados novos serviços.
No 2º. andar ficou estabelecido o novo Serviço de Emergência. Junto a ele, em uma das áreas da hoje Maternidade de Alto Risco, foram feitos alguns quartos para isolamento e internação de pacientes com patologia infecto-contagiosas. Adrelírio não ficou satisfeito, considerava um espaço inadequado. Continuou insistindo na criação de um local apropriado.
Na administração Raymundo Dias Carneiro, em dezembro de 1984, na presença do Presidente da República, Gen. João Baptista Figueiredo, foram inauguradas as reformas do Anexo IV, onde estavam incluídas novas instalações para o Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias. Acompanhou o Presidente da República o Ministro Chefe da Casa Militar Rubem Ludwig e o Ministro da Saúde Waldyr Arcoverde. Presentes também o Governador Leonel Brizola, o Presidente do INAMPS Aloysio de Salles Fonseca, o Superintendente Regional Nildo Aguiar e o Secretário Estadual de Saúde Eduardo Costa.
O Bloco que acomodaria outras clínicas necessitou passar por um remanejamento de área física para atender ao Programa de Transplantes de Órgãos. Finalmente, em junho de 1986, na administração Costa Vaz, iniciou o funcionamento do Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP), sob a chefia de Adrelírio Rios, com enfermaria e três quartos, com seis leitos, unidade única na rede previdenciária nacional (INAMPS). Em 1987 iniciou o Programa de Treinamento em Residência Médica com a duração de dois anos. No início de 1989 foi aumentada sua capacidade de internação para 22 leitos.
Em 1990, com a extinção do INAMPS, iniciando-se a implantação do Sistema Único de Saúde, preceito constitucional,o Governo Federal iniciou repasse das unidades federais para os Estados, Municípios e Universidades. Face ao movimento de recusa dos funcionários do H.S.E. de integrarem a Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), o gigantesco H.S.E. com seus 750 leitos foi transferido ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.
De janeiro de 1991 até fevereiro de 1994 o H.S.E. foi varrido por uma das maiores crises do sistema local de saúde chegando a ficar reduzido a 50 leitos devido às dificuldades das fontes de custeio, agravada com a tentativa de interdição do Hospital pelo Conselho Regional de Medicina juntamente com os outros Conselhos Regionais de outras categorias profissionais.
Em 1991, atormentado pela crise e pelas dificuldades do Serviço Público, Adrelírio decidiu aposentar-se. No entanto, sem as responsabilidades da administração, continuou freqüentando as reuniões do Hospital e da DIP, não interrompendo seu trabalho acadêmico e sua prática clínica, persistindo na orientação e formação de profissionais médicos e pesquisadores em doenças infecciosas. Ainda nesta ocasião participou da autoria e revisão do livro, Rotinas Diagnósticas e Terapêuticas em doenças infecciosas, publicado pelo Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião.
Assumiu a chefia do Serviço Jacqueline A. de Menezes. Na época a equipe do DIP, para sobreviver, decidiu concentrar-se no atendimento a pacientes infectados pelo HIV, uma vez que o Programa Nacional do DST/AIDS do Ministério da Saúde garantia as medicações básicas para estes pacientes. A agosto de 1993 iniciou o funcionamento do primeiro Hospital-Dia do Município do Rio de Janeiro para o diagnóstico e o tratamento de pacientes infectados pelo HIV, promovendo um trabalho de boa qualidade triplicando a capacidade de atendimento do Serviço.
Em meados de 1995, com a ajuda inicial do Governo Francês e o patrocínio do Ministério da Saúde foi iniciado atendimento domiciliar aos pacientes com AIDS. Iniciado Projeto Multi-Institucional para a prevenção da transmissão vertical do HIV. O DIP/H.S.E., juntamente com os Serviços de Pediatria e Unidade Materno-Infantil do H.S.E., prestam hoje atendimento a duas Maternidades vizinhas, oferecendo o teste de HIV às gestantes e treinamento a obstetras e ginecologistas para verem como proceder ao aconselhamento pré e pós-testes. As gestantes, soro-positivas, são acompanhadas e tratadas. Após o parto tanto as mães quanto os seus filhos são tratados e acompanhados.
O DIP não está restrito ao atendimento da AIDS. Dispõe de uma Unidade de Internação com dez leitos em quartos individuais, um Hospital-Dia com oito leitos prestando assistência integral. Um programa de atendimento domiciliar terapêutico com capacidade de acompanhamento em seis leitos domiciliares. Salas para atendimento ambulatorial médico e de enfermagem, e conta também com a colaboração do Serviço Social e da Psicologia. A equipe é reduzida contando com 13 médicos, 13 enfermeiros, 20 auxiliares de enfermagem, uma Assistente Social e uma Psicóloga.
O estafe é qualificado com pessoal titulado por doutorado, mestrado e especialização. O Serviço recebe estagiários graduandos e pós-graduandos. Há cursos de pós-graduação em diversas áreas como biologia, serviço social, psicologia e enfermagem. O Programa de Residência Médica inclui treinamento em doenças tropicais na região amazônica brasileira. Os médico-residentes e pós-graduandos apresentam ao término de seus treinamentos trabalho de Conclusão onde é demonstrado o conhecimento adquirido.
Há um trabalho permanente de pesquisa, assistência e ensino possibilitando cada vez mais um aperfeiçoamento de seu próprio estafe. São elaborados inúmeros trabalhos científicos com publicações nacionais e internacionais.
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