Você está em: Home >>>> Profissionais de Saude >>>> Boletim Epidemiológico >>>> Perfil epidemiológico dos casos de tuberculose notificados no Hospital Federal dos Servidores do Estado e comparação com indicadores nacionais e dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo
1Carvalho, Luciana Freire de; 2Marques, Márcio Renan Vinícius Espínola; 2Escosteguy, Caudia Caminha; 2Pereira, Alessandra Gonçalves Lisbôa;
1;Residência em Saúde Coletiva/IESC/U.F.R.J.; 2;Serviço de Epidemiologia/Hospital Federal dos Servidores do Estado.
Introdução:
A tuberculose (T.B.) continua sendo um importante problema de asúde mundial, exigindo o desenvolvimento de estratégias para o seu controle, considerando aspectos humanitários, econômicos e de asúde pública.
Em 22 países concentram-se 80% dos casos estimados para o mundo; o Brasil ocupa a 19ª posição. Anualmente no Brasil ainda morrem 4500 pessoas por T.B., doença curável e evitável. Em 2008, foi a 4ª causa de morte por doenças infecciosas e a 1ª causa de morte dos pacientes com
Objetivos:
Analisar a série histórica de indicadores da T.B. no H.F.S.E. e compará-los com o Brasil, R.J. e S.P..
Metodologia:
A partir da base local do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi realizada uma naálise temporal dos 594 casos de T.B. notificados no H.F.S.E. de 2007 a 2009, segundo situação de encerramento, realização de sorologia anti-HIV e baciloscopia de escarro nos pacientes pulmonares. Além disso, os dados do H.F.S.E. foram comparados com os do Brasil, R.J. e S.P., segundo forma clínica, realização de sorologia anti-H.I.V. e situação de encerramento. Para a comparação escolheu-se o ano de 2007, pela maior completude dos dados, visto que a atualização em âmbito nacional e estadual apresenta um retardo. Os dados nacionais e estaduais foram obtidos através do Tabnet (http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/). Naálise estatística descritiva através do Epi-Info 2000.
Resultados e discussão:
O Gráfico 1 compara a distribuição por forma clínica entre o H.F.S.E., o Brasil e os estados. Apesar do predomínio das formas pulmonares, observa-se que a contribuição da T.B. extrapulmonar aumenta de maneira expressiva no hospital. Isso pode ser explicado pelo fato do H.F.S.E. ser referência para H.I.V./AIDS e para diagnóstico de formas complicadas da T.B..
A tabela 1 mostra a situação de encerramento dos casos notificados. A naálise é limitada pelo grande percentual de ignorados. O maior percentual de transferência no H.F.S.E. é esperado, visto que de uma forma geral a T.B. deve ser encaminhada para a rede básica. A importância dos hospitais no controle da tuberculose se dá no atendimento de pacientes com co-morbidades e/ou complicações. O Gráfico 2 mostra a evolução da situação de encerramento
no HSE.
| Encerramento | H.F.S.E. | R.J. | S.P. | Brasil | |||
|---|---|---|---|---|---|---|---|
| Cura | 19,1% | 53,8% | 73,1% | 64,7% | |||
| Abandono | 1,5% | 13,3% | 12,1% | 10,1% | |||
| Óbito por tuberculose | 8,8% | 4,4% | 3,4% | 3,6% | |||
| Óbito por outras causas | 1,5% | 1,9% | 6,5% | 3,9% | |||
| Transferência | 23,2% | 5,4% | 1,2% | 7,3% | |||
| T.B. multirresistente | 0,0% | 0,4% | 0,0% | 0,2% | |||
| I.g.n./brancos | 45,9% | 20,9% | 3,8% | 10,2% | |||
| Total | 100% | 100% | 100% | 100% | |||
| Fonte : SINAN e N.C./Serviço de Epidemiologia - H.F.S.E. | |||||||
O maior percentual de óbitos no H.F.S.E. pode refletir a maior complexidade dos casos (Gráfico 2).
Os Gráficos 3 e 4 consideram a realização de sorologia anti-H.I.V..
O percentual de casos positivos para H.I.V. no H.F.S.E. é elevado, o que é esperado, uma vez que o hospital é referência para Aids. Entretanto, a porcentagem de exames não realizados também é elevada.
O Gráfico 5 considera a realização de baciloscopia de escarro na forma pulmonar isolada ou associada à extrapulmonar.
Além da baciloscopia de escarro ser um método rápido e simples, desde que executado corretamente, permite detectar 60% a 80% dos casos de T.B. pulmonar, importantes na transmissão da doença. Observa-se, no entanto, um alto percentual de não realização do exame no H.F.S.E..
Conclusões:
A TB continua a merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da sociedade como um todo, pois ainda obedece a todos os critérios de priorização de um agravo em saúde pública, ou seja, grande magnitude, transcendência e vulnerabilidade. Alguns fatores devem ser ressaltados.
Pela alta prevalência da co-infecção TB e HIV no Brasil, é necessária uma reflexão sobre a importância de ampliar o acesso dos pacientes portadores de TB ao diagnóstico da infecção pelo H.I.V. no H.F.S.E., com o objetivo de fazer um diagnóstico precoce e melhorar o prognóstico.
Deve-se discutir, também, a necessidade de aumento da realização das baciloscopias de escarro em pacientes pulmonares.
Enfatiza-se a necessidade de melhora na informação sobre o seguimento dos casos. é fundamental que o caso seja acompanhado até o seu encerramento, e que o registro das situações de encerramento seja claro. A sensibilização dos profissionais envolvidos é essencial para que pacientes não se percam durante o tratamento.
O aumento do percentual de transferências registradas no H.F.S.E., pode refletir a melhora da informação sobre este encerramento, e é esperado para o perfil do hospital. No entanto, é importante discutir estratégias de conscientização dos pacientes para diminuição dos abandonos e conseqüente aumento das situações de cura.
Acredita-se na parceria com o Programa de Controle da Tuberculose Hospitalar (P.C.T.H.) na promoção de ações para a melhoria dos indicadores da tuberculose no H.F.S.E. .
Referências:
Guia de Vigilância Epidemiológica – 7ª edição, 2009.
Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil , 2010.
World Health Organization, The Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria. Framework for Operations and Implementation Research in Health and Disease Control Programs, 2008.
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