As atividades do Serviço de Epidemiologia do H.F.S.E. iniciaram-se em novembro de 1986, enquanto um setor, atendendo à crescente necessidade de incorporar a Epidemiologia às atividades hospitalares. Em 12/05/1988 foi criada a estrutura administrativa de serviço, segundo a resolução INAMPS nº 186 ("Boletim do Servidor" B.S./D.G./INAMPS 92, de 19/05/1988), sendo este o primeiro serviço de epidemiologia hospitalar da então rede do antigo INAMPS. A experiência deste serviço serviu de base para a criação dos núcleos de vigilância epidemiológica dos hospitais municipais e, posteriormente, contribuiu para o projeto dos núcleos de vigilância hospitalar dos hospitais estaduais do Rio de Janeiro.
O serviço é pioneiro no país na discussão da Epidemiologia Clínica, buscando, desde a sua origem, a intercessão entre a Epidemiologia e a prática assistencial. Entende que suas atividades são exercidas em interface com os diversos serviços e setores do H.F.S.E., assim como com os diversos níveis do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (S.N.V.E.), e propõe um trabalho de vigilância integrada. Desde a sua criação, o Serviço integra essa rede de vigilância epidemiológica, como unidade hospitalar, e a partir de 2005, como Hospital Referência da atualmente denominada Rede de Referência de Vigilâância Epidemiológica de Interesse Nacional REVEH (anteriormente chamada de Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar; portaria nº 1.337/GM de 11/08/2005).
As ações de vigilância epidemiológica no H.F.S.E. são desenvolvidas, prioritariamente, pelo Serviço de Epidemiologia, através da Seção de Vigilância Epidemiológica, e também em parceria com outros setores do hospital, sobretudo o Serviço de Saúde do Trabalhador, Gerência de Risco Sanitário Hospitalar, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (C.C.I.H.), Comissão de Revisão de Óbitos, Comissão de Revisão de Prontuários, Serviço de Documentação e Estatísticas Médicas, Hemoterapia, Laboratório, Unidade Materno-Fetal, Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias e Serviço de Pediatria.
O serviço é responsável pelo monitoramento dos agravos de notificação compulsória no hospital e interage com outras comissões hospitalares de vigilância à saúde. Em 2005 foi constituído o chamado Núcleo de Vigilância Hospitalar (N.V.H.) do H.F.S.E., que integrava o Serviço de Epidemiologia, a Gerência de Risco, C.C.I.H., Saúde do Trabalhador, Comissão de Revisão de Óbitos, Comissão de Revisão de Prontuários e Gerência de Resíduos. As atividades são fundamentadas em quatro eixos básicos: sistemas de informação em saúde; planejamento e assessoria; acompanhamento, monitoramento e avaliação; e vigilância epidemiológica.
A formação e a atualização dos recursos humanos na área de Epidemiologia é um desafio constante. O serviço realiza cursos e treinamentos para nível superior e nível médio, implementa um programa específico e regular de Residência Médica em Medicina Preventiva e Social, e participa de convênios com universidades e secretarias de saúde para estágios regulares de internos de medicina e residentes em Saúde Coletiva. Ao longo de sua história, ofereceu 15 Cursos Anuais de Epidemiologia (total de 1441 alunos inscritos); quatro Cursos de Métodos Epidemiológicos Aplicados à Clínica; dois Cursos de Vigilância Epidemiológica para Nível Médio; três Cursos de EpiInfo; prestou assessoria à implantação dos núcleos hospitalares de epidemiologia de hospitais municipais, estaduais, federais e de ensino no Rio de Janeiro; e mantém uma produção científica expressiva. Até 2018 treinou 1835 internos de medicina, 12 de enfermagem, 68 residentes de Saúde Coletiva e 17 de Medicina Preventiva e Social.
O artigo "Três décadas de epidemiologia hospitalar e o desafio da integração da Vigilância em Saúde: reflexões a partir de um caso" sintetizam suas atividades. (Escosteguy, Pereira & Medronho. Ciência & Saúde Coletiva 2017; 22:(10)3365-79. https://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172210.17562017).
A Seção de Vigilância Epidemiológica se propõe a contribuir para prevenção e controle dos agravos e doenças de notificação compulsória. A vigilância epidemiológica (V.E.) é realizada através de um conjunto de atividades que envolve coleta, análise, investigação, avaliação e divulgação dos dados referentes à V.E., com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle cabíveis. Essas ações são realizadas em interação com o Centro Municipal de Saúde da I Região Administrativa (C.M.S. - 1ª R.A.), que integra a Área Programática 1 (A.P.1), da qual o H.F.S.E. faz parte, e com os demais níveis do S.N.V.E., quando pertinente, seguindo os fluxos e normas por ele previstas, inclusive no que se refere às notificações imediatas.
A comunicação dos agravos de notificação compulsória atendidos no H.F.S.E. deve ser feita ao Serviço de Epidemiologia, mesmo na suspeita. Os profissionais de saúde da Epidemiologia realizam atividades diárias de busca ativa e investigação epidemiológica de casos suspeitos, de acordo com as rotinas especificadas no Manual de Rotinas da Vigilância Epidemiológica no H.F.S.E.. A Lista Nacional de Notificação Compulsória da Portaria M.S./G.M. 204/2016 foi ratificada pela Portaria de Consolidação Nº 4, de 28/09/2017, e está disponível em http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/lista-nacional-de-notificacao-compulsoria. Os instrumentos para a notificação e investigação epidemiológica dos casos suspeitos são as fichas individuais de notificação e investigação padronizadas pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação - SINAN (http://portalsinan.saude.gov.br/); os fluxos de informação seguidos são preconizados pelos níveis municipal, estadual e federal do S.N.V.E..
Os instrumentos para a notificação e investigação epidemiológica dos casos suspeitos identificados através da busca ativa ou notificados espontaneamente pelos setores de atendimento são as fichas individuais de notificação e investigação padronizadas pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação - SINAN ( http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/); os fluxos de informação seguidos são aqueles preconizados pelos níveis municipal, estadual e federal do S.N.V.E..
As rotinas envolvem atividades diversas e multidisciplinares de coleta de dados, a partir de visitas aos serviços, busca eletrônica e por telefone, preenchimento das fichas de notificação e investigação específicas por agravo do SINAN, digitação local, notificação imediata eletrônica quando pertinente, envio semanal das fichas originais para o C.M.S./1ª R.A., arquivamento de cópias, consolidação e análise de dados, divulgação periódica de resultados e indicadores, entre outras. As rotinas envolvem também as ações de controle cabíveis no nível local para os agravos específicos: ações de interrupção da cadeia de transmissão no âmbito hospitalar, como quimioprofilaxia e orientações de medidas de biossegurança, e integração com o C.M.S., que se responsabiliza pela investigaçã de contatos e visita domiciliar.
As notificações imediatas são encaminhadas ao C.M.S. 1ª R.A. por e-mail ou telefone ou fax, com cópia à Divisão de Vigilância em Saúde da CAP 1.0; e as demais notificações semanalmente. O C.M.S. e a DVS repassam os dados à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que por sua vez, repassa os casos não residentes no município à Secretaria Estadual de Saúde. Esse fluxo permite que sejam desenvolvidas ações como bloqueio vacinal e quimioprofilaxia de comunicantes, de modo a prevenir a ocorrência de surtos e epidemias, bem como auxilia nas definições de políticas assistenciais.
A Seção de Epidemiologia Aplicada à Organização de Serviços trabalha sobretudo com avaliação da qualidade dos serviços e se propõe a:
Envolve ações de treinamento e capacitação de profissionais de saúde na área de epidemiologia através de cursos, treinamentos e estágios. Desde a sua criação até dezembro de 2023, foram treinados 83 residentes de Saúde Coletiva e de Medicina Preventiva e Social, 11 residentes de enfermagem, 1.709 internos de Medicina e 26 internos de Enfermagem. Desde 2019 oferece campo de estágio de nível superior em Saúde Coletiva, com 11 estagiários em convê;nio com a UFRJ até 2024. Ao longo da nossa história foram realizados 16 cursos de Epidemiologia, e vários cursos de metodologia científica e de Epi-Info, entre outros. A área desenvolve também estudos científicos que são apresentados em congressos e revistas nacionais e internacionais. Atualmente está em andamento o projeto de pesquisa “Epidemiologia dos agravos de notificação compulsória atendidos no Hospital Federal dos Servidores do Estado e o impacto da pandemia de COVID-19, aprovado pelo CEP/HFSE (parecer no 4.843.208 de 13/07/2021).
Em síntese, a Área de Epidemiologia integra ações de vigilância epidemiológica, educação continuada, capacitação, treinamento em serviço, pesquisa e avaliação de serviços desde 1986. Participa ativamente da rede nacional de vigilância epidemiológica, tendo notificado desde a sua criação até 2023 um total de 78.926 casos suspeitos de agravos de notificação compulsória atendidos no hospital, a maioria por busca ativa. A integração dos vários níveis da Vigilância e assistência agiliza as atividades clássicas de controle das doenças de notificação compulsória e fornece instrumentos de avaliação da qualidade. O importante papel na capacitação e formação de recursos humanos é evidenciado através do treinamento de um número expressivo de residentes, internos e estagiários, e pelo fato de que a experiência deste serviço tem servido de base para a implantação de diversos outros núcleos hospitalares. Entre os desafios que se impõem atualmente está a articulação com as demais comissões e setores que exercem ações de Vigilância hospitalar e segurança do paciente.
Referências:
Escosteguy CC, Pereira AGL e Medronho RA. Três décadas de epidemiologia hospitalar e o desafio da
integração da Vigilância em Saúde: reflexões a partir de um caso. Ciência & Saúde Coletiva 2017;
22:(10)3365-79. Disponível em https://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172210.17562017 (acesso
em 16/05/2024).
Escosteguy, CC et al. COVID-19: estudo seccional de casos suspeitos internados em um hospital
federal do Rio de Janeiro e fatores associados ao óbito hospitalar. Epidemiologia e Serviços de Saúde
[online]. 2021, vol.30, n.1, e2020750. Epub 07-Dez-2020. Disponível em
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-49742021000100023 (acesso em 16/05/2024).
Informação atualizada em 25/07/2024.
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