Você está em: Home >>>> Profissionais de Saude >>>> Boletim Epidemiológico 50 >>>> Análise Clínico-Epidemiológica dos casos de sífilis congênita atendidos em uma maternidade de alto risco do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), 2010 a 2014
Braga,RCC.1,2; Moraes, LMB2 ; Escosteguy, CC.1,2 ; Pereira, AGL1,2; Marques, M.R.V.E.11Serviço de Epidemiologia do Hospital Federal dos Servidores do Estado 2Universidade Estácio de Sá – UNESA Introdução: A sífilis é uma doença infectocontagiosa de transmissão sexual, vertical ou sanguínea, de notificação compulsória. A sífilis congênita é um agravo evitável desde que a gestante seja identificada e as medidas recomendadas efetuadas1. Objetivo: Analisar os casos de sífilis congênita notificados no HFSE, Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014. Metodologia: Estudo observacional, seccional, retrospectivo, realizado a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) local do Serviço de Epidemiologia do HFSE, com complementação de dados do prontuário. Foram incluídos 179 casos de sífilis congênita notificados de 01/01/2010 a 31/12/2014, sendo 4 gemelares. A análise foi realizada através do EpiInfo7. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da instituição. Resultados: Dos 179 casos de sífilis congênita analisados, 82,7% foram notificados nas primeiras 24 horas de vida; 50,8% eram do sexo masculino; houve 1 natimorto e 2 óbitos por outras causas. A idade das mães variou de 15 a 43 anos; 64,3% se declararam não brancas; 45,8% possuíam ensino fundamental e 86% realizaram pré-natal, não necessariamente no HFSE. O parto foi realizado no HFSE em 138 gestantes; 59,4% eram portadoras do vírus HIV; 9,4% cardiopatas; 13,8% portadoras de doenças endócrinas e 2,9% de nefropatias. Considerando a informação da ficha da sífilis congênita, o diagnóstico de sífilis materna foi realizado no pré-natal em 72,1% dos casos; em 11,2% das crianças havia relato de tratamento adequado das mães durante a gestação; em 53,6% dos casos o parceiro não foi tratado concomitantemente. Das crianças 62,6% eram assintomáticas; 16,2% apresentaram icterícia; 10,6% anemia; 2,9% lesão de ossos longos; 2,8% lesões cutâneas; 1,1% osteocondrite; 0,6% rinite muco-sanguinolento. Em 63,4% das crianças o VDRL sérico foi reagente, com título varando de 1:1 a 1:128, mediana de 1:4. Em quatro crianças o VDRL liquórico foi reagente, variando de 1:2 a 1:8. Em 78,7% dos casos, o tratamento da sífilis congênita foi penicilina cristalina por 10 dias. Com relação ao diagnóstico final, 78,1% apresentaram critérios para sífilis congênita recente, sífilis congênita tardia 2,3% e natimorto 0,5%; e 18,8% dos casos estão em revisão. Conclusão e discussão: Este estudo mostra que apesar da realização do pré-natal em 72,1% das gestantes, uma proporção elevada das mães foi inadequadamente tratada segundo o critério do Ministério da Saúde, implicando na indicação do tratamento para sífilis congênita dos recém-natos. A sífilis na gestação constitui um problema de saúde pública, negligenciada pelas autoridades sanitárias ao longo dos anos, levando o recém-nato à condição de sífilis congênita ao nascer. Trata-se de doença de fácil detecção por exame laboratorial, tratamento de baixo custo, disponibilizado nas unidades de atenção básica do Sistema Único de Saúde, e o não tratamento da sífilis pode acarretar aborto, afetar diferentes órgãos, principalmente o sistema nervoso centra, cegueira, surdez, deficiência mental e a malformação do feto. Investimentos em todas as esferas devem ser realizados no sentido de treinamento de profissionais para um pré-natal efetivo com a identificação, diagnóstico e tratamento da sífilis na gestação e do parceiro, segundo preconiza o protocolo do Ministério da Saúde. Gráfico 1. Classificação do tratamento de sífilis materna dos casos de sífilis congênita notificados no HFSE/MS, 2010 a 2014

Referências: 1 Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico Sífilis.ano IV, nº1.
Fonte: Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E..