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Pereira, A.G.L.1; Escosteguy, C.C.1; Gonçalves, J.B.2, Brasil, C.M.3, Silva, M.C.S.3, Marques, M.R.V.E.1
1Serviço de Epidemiologia/HFSE; 2Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva – IESC/UFRJ; 3Graduação em Medicina, Universidade Estácio de Sá
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, negligenciada, endêmica em diversos países e que mata cerca de 1,3 milhões de pessoas a cada ano. É considerada um importante problema de saúde pública global e é um agravo de notificação compulsória em todo o território nacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil se encontra entre os países com maior carga de doença. Em 2014, o estado do Rio de Janeiro apresentou a segunda maior taxa de incidência e a maior taxa de mortalidade por TB no país. Objetivos: Identificar os fatores associados a um desfecho desfavorável (óbito ou abandono) do tratamento da tuberculose em pacientes diagnosticados no HFSE, no período de 2007 a 2014. Metodologia: Estudo observacional, com análise de bases de dados secundárias do HFSE e coleta de dados em prontuários médicos e nas fichas de investigação epidemiológica do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Inicialmente foram incluídos todos os casos confirmados laboratorialmente ou clinicamente, com informação de encerramento registrada como cura, óbito por tuberculose e abandono do tratamento. Para fins deste estudo foram considerados desfechos desfavoráveis o óbito por tuberculose e o abandono do tratamento. A análise descritiva inicial foi realizada com o EpiInfo 2000. Executou-se a rotina de revisão de duplicidades e análise de completitude/consistência. As variáveis com razões de chances elevadas na análise bivariada (ainda que sem significância estatística) e aquelas consideradas de importância clínica foram consideradas para inclusão no modelo de regressão logística. A análise estatística foi realizada utilizando-se o software SPSS 18, considerando estatisticamente significativo p<0,005. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HFSE. Resultados e Discussão: Durante o período estudado foram notificados 1642 casos de TB, sendo selecionados 670 para análise neste estudo: cura = 383 (23,3%); abandono do tratamento = 128 (7,8%); e óbito por TB = 159 (9,7%). As variáveis incluídas no modelo inicial de regressão logística foram faixa etária, raça/cor, história de tratamento prévio para TB, uso de drogas ilícitas, exame anti- HIV e forma clínica/gravidade. O modelo final de regressão logística na tabela 1, com concordância de 69,3%, é apresentado na tabela 1. As situações com associação estatisticamente significativa a um desfecho desfavorável do tratamento para TB (p<0,005) foram idade = 60, raça não branca, história de tratamento prévio para TB ou situação de tratamento prévio desconhecida, anti-HIV positivo e a presença de formas extrapulmonares graves, que incluem a forma miliar, a meningoencefálica e a disseminada.. Tabela 1. Análise de regressão logística múltipla dos fatores associados ao desfecho desfavorável do tratamento da TB em pacientes notificados no HFSE, diagnosticados de 2007 a 2014.

Algumas limitações para este estudo incluíram problemas de registro nos prontuários médicos e ausência de informações sobre o encerramento dos casos. Apesar destes problemas, os resultados encontrados corroboram com dados da literatura vigente e reforçam a necessidade de se investir em políticas que garantam o acesso e a adequada assistência aos pacientes com diagnóstico de TB, especialmente aos que apresentam condições que predispõem a não adesão ao tratamento e a formas graves potencialmente fatais.
Fonte: Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E..