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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 52

Vigilância das síndromes neurológicas no contexto de epidemia de arboviroses, H.F.S.E./ R.J.

Serviço de Epidemiologia - H.F.S.E.

    1Pereira, A.G.L.;1Escosteguy C.C;1Marques, M.R.V.E.;2Bergamo, L.C.

    1Serviço de Epidemiologia/H.F.S.E.2Faculdade de Medicina/UNESA, Rio de Janeiro, R.J., Brasil

    Introdução: A circulação dos vírus da dengue, Zika e chikungunya no Brasil tem grande impacto para a área da saúde e a sociedade em geral. Estas arboviroses podem ser transmitidas pelo mesmo vetor (mosquito Aedes aegypti) e têm sua distribuição favorecida por diversos fatores, como a urbanização desordenada, os desmatamentos e as migrações populacionais. Os últimos eventos de massa internacionais ocorridos no país também ampliaram o fluxo de pessoas de diversas partes do mundo. Não há ainda vacina disponível e nem tratamento específico. Os sinais e sintomas podem ser semelhantes (febre, mialgia/artralgia e exantema, dentre outros), sendo fundamental a identificação precoce dos sinais de gravidade e a instituiação de tratamento adequado para o paciente. A vigilância epidemiológica teve que adaptar-se a novos desafios, sobretudo o aumento dos casos de microcefalia associados ao vírus da Zika (ZIKV) e as formas neurológicas graves incluindo a síndrome de Guillain-Barré (S.G.B.). Mais recentemente, o risco da urbanização da febre amarela.

    Objetivos: descrever o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes notificados no H.F.S.E. com síndromes neurológicas potencialmente associadas aos arbovírus da dengue (DENV), febre de chikungunya (C.H.I.K.V.) e Zika (Z.I.K.V.), em 2015 e 2016.

    Metodologia: estudo descritivo exploratório a partir de bases de dados da vigilância epidemiológica do H.F.S.E., e coleta de dados complementar em prontuários médicos/fichas de investigação do SINAN. Foram incluídos casos notificados com síndrome neurológica (S.N.) de origem indeterminada e: a) com registro de infecção viral prévia até 60 dias antes do início do quadro neurológico, confirmados laboratorialmente ou não; b) sem registro de infecção viral prévia 60 dias antes do início do quadro neurológico, mas com confirmação laboratorial para arbovírus. Análise com Epi Info 2000 e S.P.S.S. 18. O estudo faz parte de pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do H.F.S.E. e foi apresentado no X Congresso Brasileiro de Epidemiologia e no IX Seminário de Pesquisa da Estácio / V Jornada de Iniciação Científica da UNESA.

    Resultados: 72 casos notificados no período preencheram os critérios de inclusão, sendo 44 homens (61,1%), com idade de 14 a 76 anos (mediana: 37 anos). A tabela 1 sintetiza a distribuição dos principais sinais/sintomas gerais e S.N., e a classificação final dos casos. A S.G.B. foi o quadro neurológico mais frequente, seguido pelas meningoencefalites. Durante a investigação, descartou-se arbovirose em 19. Os 53 casos restantes foram considerados confirmados ou possivelmente associados a arbovírus; a S.G.B. foi responsável por 45,3% destes casos, seguida pelas meningoencefalites com 22,6%. Confirmou-se laboratorialmente Zika em 3, chikungunya em 6, dengue em 4, dengue e chikungunya em 1; 14 casos possivelmente associados a arbovírus ainda estão em investigação. Do total de casos, 38 foram internados no H.F.S.E. , com 1 óbito (S.G.B. possivelmente associada a Zika) e 19 altas com sequela. Adicionalmente houve outro óbito por meningoencefalite associada a dengue, não internado no H.F.S.E.; a evolução de 12 casos não internados no H.F.S.E. foi ignorada.

    Tabela 1: Perfil dos 72 casos com síndrome neurológica potencialmente associadas a arbovírus, H.F.S.E., 2015-2016.

 
Sinais e sintomas gerais f %
Febre 43 59,7
Exantema 31 43,1
Artralgia 20 27,8
Mialgia 18 25,0
Cefaleia 15 20,8
Náuseas/vômitos 15 20,8
Prurido 8 11,1
Hiperemia conjuntival 4 5,6
Linfadenopatia 4 5,6
Diarreia 3 4,2
Dor retro-orbitária 2 2,8
Edema membros 1 1,4
Artrite 1 1,4
Dor abdominal 1 1,4
Quadro neurológico 72 100
Síndrome de Guillain-Barré 25 34,7
Meningoencefalite 22 30,6
Mielite transversa 10 13,9
Polirradiculopatia 4 5,6
Neurite óptica 1 1,4
Outro/não especificado 10 13,9
Classificação final
Arbovirose confirmada 14 19,4
Zika possível 25 34,7
Em investigaç˜o 14 19,4
Descartada 19 26,4

    Conclusões:o estudo evidencia o grande desafio do diagnóstico diferencial dos casos, e destaca o predomínio da S.G.B. e das meningoencefalites entre as síndromes neurológicas. Lembramos que a portaria M.S./G.M. nº 204 de 17/02/2016 determina a notificação imediata de óbito suspeito por DENV, C.H.I.K.V. ou Z.I.K.V., doença aguda pelo Z.I.K.V. em gestante (exantema em gestante), febre amarela e Z.I.K.V. em áreas sem transmissão. Os demais casos de DENV, Z.I.K.V. e C.H.I.K.V. são de notificação semanal. A microcefalia passou a ser de notificação imediata nacional a partir da Portaria M.S./G.M. nº 1813 de 11/11/2015.