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Souza, Carolina Terrozo de; Martinez, Claudia C. Bione; Tozzatto, Flávia Amorim; Costa, Paula Valença da; - Faculdade de Medicina Estácio de Sá - RJ
Ricardo C. Campos - Serviço de Epidemiologia/H.S.E. - RJ
A vigilância epidemiológica da Aids tem como objetivo conhecer e prevenir a transmissão e a disseminação do HIV e como conseqüência diminuir a morbimortalidade associada a esta doença. O SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação é uma base de dados da vigilância epidemiológica que possibilita também o estudo do perfil clínico-epidemiológico dos agravos por ele coberto, entre eles, Aids.
O sistema nervoso é um importante sítio de envolvimento em indivíduos infectados pelo HIV. O comprometimento neurológico pode ser primário, quando se deve ao próprio vírus, e secundário, quando decorrente de infecções oportunistas e neoplasias que surgem em conseqüência à imunossupressão. Dentre as neoplasias e infecções oportunistas que envolvem o sistema nervoso central (SNC) estão incluídos a toxoplasmose, criptococose, leucoencefalopatia multifocal progressiva, infecção por citomegalovírus, tuberculose, sífilis e linfoma primário do SNC.
Este estudo teve como objetivo descrever a freqüência e a letalidade de algumas afecções do SNC, com ênfase na toxoplasmose cerebral e na meningite criptocócica, em pacientes com 13 anos ou mais notificados por Aids pelo Serviço de Epidemiologia do Hospital dos Servidores do Estado (HSE).
Foram analisados 2075 casos de Aids notificados no SINAN/HSE no período de 1986 a julho de 2005. Os dados foram analisados através do programa EpiInfo 2000. A tabela 1 resume os resultados mais importantes.
A letalidade do conjunto de pacientes com Aids até o momento é 40,5%. Observando os dados da tabela 1 percebe-se que tanto a meningite criptocócica quanto a toxoplasmose cerebral apresentaram altas taxas de letalidade. Além disso, notamos a freqüência elevada de quadros neurológicos a esclarecer, que representaram casos nos quais não foi possível o esclarecimento do diagnóstico diferencial, ressaltando-se que a letalidade a eles associada foi a mais elevada. Neste estudo não foi analisada a freqüência de tuberculose do SNC, que também representa um agravo de grande relevância.
É importante notar que a análise da letalidade sofre a influência de outros fatores que, ao longo dos anos, vêm modificando a sobrevida desses doentes (introdução dos anti-retrovirais, novos métodos diagnósticos com possibilidade de identificação e tratamento precoce da doença, como por exemplo a contagem de CD4 e carga viral).
Finalmente, reconhecemos por um lado a complexidade inerente das complicações neurológicas da infecção pelo HIV. Por outro lado, reconhecemos a necessidade de uma reflexão acerca da qualidade da investigação e do acompanhamento desses doentes, e a importância da adoção de protocolo de investigação diagnóstica, no sentido de melhorar a efetividade da assistência.
| Afecções | Freqüência | Letalidade | ||
|---|---|---|---|---|
| f | % | 1 | % | |
| Meningite criptocócica | 118 | 5,7 | 66 | 55,9 |
| Toxoplasmose cerebral | 169 | 8,1 | 95 | 56,2 |
| Quadro neurológico a esclarecer | 643 | 30,9 | 388 | 60,3 |
| Fonte: SINAN/H.S.E./M.S. | ||||
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