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Editoriais

De Dengue e de outras epidemias

Nos últimos quinze anos a população e os médicos assistiram ao aparecimento de algumas doenças novas e ao ressurgimento de doenças antigas que pareciam destinadas ao esquecimento. Dengue é uma dessas. Esteve presente até a década de 20 no Estado do Rio, mas desapareceu após o combate sistemático ao mosquito transmissor, o Aedes aegyptii , que também transmite a febre amarela, uma doença grave causada por um virus aparentado ao do dengue. A vacina contra a febre amarela não existia até 1934, e a única prevenção possível era o combate ao Aedes . Até 1970, todos achavam que o mosquito tinha sido eliminado do nosso país. Em 1976 ele foi encontrado em Belém do Pará e se reinstalou rapidamente na maior parte do território brasileiro. Não encontrou resistência, quem se preocupava com mosquitos então? Bem que os sanitaristas alertavam: "Cuidado o Aedes voltou!". Mas quem voltou com ele não foi (ainda) a febre amarela que por enquanto está limitada às matas do Amazonas e do Centro-Oeste, onde o virus circula entre macacos. Foi uma doença nova para os médicos de 1986: febre, dores pelo corpo, na cabeça, nos olhos, diarréia, vômitos e uma estranha erupção que lembra rubéola. Ninguém conhecia: era o dengue que voltava para ficar, e com ele a ameaça do dengue hemorrágico nas proximas epidemias. O dengue hemorrágico entrou alguns anos depois e não foi tão grave como se temia.

Daí, em 1991 foi a vez da cólera ressurgir, descendo da amazônia, procedente da Colômbia. A última visita da cólera ao Brasil tinha acontecido em 1893. A cólera só representa ameaça nos países onde não há uma estrutura adequada de água e esgotos, onde não existem condições de higiene na manipulação de alimentos. A cólera invadiu o país e fez o estrago que se sabe.

O Brasil é um dos países onde o diagnóstico precoce e o tratamento da tuberculose com três medicamentos foi melhor posto em prática, onde os exames são gratuitos e os medicamentos fornecidos pelo governo. A tuberculose, ao contrário do dengue e da cólera, nunca desapareceu, é uma doença ligada à fome e à pobreza. O tratamento da tuberculose leva seis meses ou mais e tem que ser feito com tres medicamentos no mínimo, depois dois, para impedir o aparecimento de resistência. Mas os medicamentos para combatê-la começaram a ser fornecidos de maneira irregular, ora faltava um, ora faltava outro, os Centros de saúde tinham que repartir as doses entre os pacientes, fazendo-os voltar semanalmente em vez de uma vez ao mês. E sempre aquelas filas, aquelas greves.... A pessoa com tuberculose, quando começa a receber os medicamentos melhora rapidamente e ao fim do primeiro mês já tem menos motivação para se tratar. Isso somado à falta de medicamento e à falta de supervisão pelas dificuldades da rede de saúde, levou muita gente a abandonar o tratamento. E abandono de tratamento gera recaídas e resistência do micróbio aos remédios. A tuberculose resistente é hoje um probnlema mundial. Nos Estados Unidos também, o governo, contra a advertência dos especialistas, cortou a verba destinada ao controle da tuberculose, considerando a doença um problema superado, e hoje a tuberculose resistente é cada vez mais disseminada, principalmente acompanhando a AIDS, onde a falta de imunidade contribui para a sua gravidade.

A AIDS é uma doença nova para a humanidade, é chamada de doença EMERGENTE (não confundir com socialite emergente). DENGUE, CÓLERA no Brasil são doenças RE-EMERGENTES , que ressurgiram. A tuberculose não é nova para nós, mas a TUBERCULOSE RESISTENTE AOS MEDICAMENTOS HABITUAIS (ou MULTIRESISTENTE) é considerada uma doença EMERGENTE.

Porque se continua vacinando contra a paralisia infantil (ou poliomielite) apesar de não ter tido nenhum caso nos últimos anos? É para que a doença não reapareça. Deixou-se de combater o Aedes e ele voltou. A cada nova epidemia de dengue contratam-se novos mata-mosquitos, que serão demitidos pouco após, treinam-se soldados para substituir o pessoal experiente que foi mandado embora, gasta-se uma fábula para reaparelhar carros e comprar inseticidas e... a epidemia, já em declínio, acaba, dando a impressão do sucesso. Como a população fica imunizada por um tempo, passam-se um ou dois anos de calmaria, desfaz-se toda a estrutura de combate ao Aedes e vai-se combater outra calamidade esquecida com as parcas verbas da saúde. Desse jeito, qualquer dia quem vai voltar vai ser a febre amarela, ou quem sabe a peste?

Profa. Dra. Jacqueline Anita de Menezes.

Julho de 1998.

Outros Editoriais:

  1. Tratamentos Alternativos na AIDS.

    Pela Dra. Maria Letícia Santos Cruz

  2. Sobre a Prevenção das Hepatites.

    Pelo Dr Pedro G. Garbes-Netto

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